sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Nunca nos passou pela ideia que, nos tempos que correm, pudéssemos ouvir tais respostas, exatamente como Maria e José


Apesar de o Natal já ter passado, não posso deixar de vos contar algo muito bonito, e pode-se até dizer, algo “comovente “.  A nossa preparação para o Natal foi com uma novena diferente, que este ano foi feita de uma maneira muito original, pois tenho uma equipa de Pastoral maravilhosa, que ajuda a pensar nos projetos, mas que também coloca mãos à obra , para que estes se concretizem. A Equipa lançou o desafio de sairmos do recinto do Santuário e ir ao encontro das famílias, para dar a conhecer o Santuário e levar a nossa Mãe.
Então, numa noite, pusemo-nos a caminho da nossa paróquia e fomos “ bater “ a várias portas, explicando o que pretendíamos e se estariam dispostos a receber Jesus e a sua Mãe. Conseguem imaginar, a reação das pessoas?
Em todo o caso, para nós foi uma lição de vida que nos fez  pensar muito no que ouvimos , além de certas atitudes que as pessoas tomavam. Foram tema de várias reflexões que fizemos mais tarde como grupo.
Nunca nos passou totalmente pela ideia, que nos tempos que correm pudéssemos ouvir tais respostas, exatamente iguais, como Maria e José ouviram na noite de Natal. “ Não tenho tempo!” “ Tenho outras coisas mais importantes para fazer! “ “O meu marido não quer!” “Tenho que fazer o meu passeio diário e não vou mudar a hora por causa disso.“ E assim, por adiante!
Nessa noite chovia muito e estava a começar um temporal. Já estávamos todos molhados e com todas estas respostas que íamos ouvindo chegamos ao fim das nove famílias só com uma resposta positiva.
Pensei nas pessoas que me acompanhavam e ao conversarmos senti uma grande alegria ao perceber que eles não queriam desistir, hoje não conseguimos, amanhã será outro dia - diziam eles e acrescentaram: a Mãe há-de escolher  as suas famílias.
 
 
E eles tinham toda a razão. Aquelas pessoas não a queriam, mas Ela deu-nos outras, que a receberam de “ braços abertos “ e até com lágrimas. Ao longo da nossa “ busca “ fomos descobrir pessoas idosas que viviam completamente sozinhas, outras que tinham alguém doente em casa e precisavam de conforto. Assim, no quarto dia de caminhada tínhamos as nossas nove famílias completas. Estávamos felizes e no Santuário agradecemos à Mãe pelo belo presente. Agora, era altura de terminar a preparação dos textos da novena.
O principal objetivo era levar a Mãe e o Santuário, e ao mesmo tempo, convidar as pessoas a participar nos outros dias da novena e traze- las, pelo menos,  no último dia ao Santuário. É lógico que com este cenário de pessoas, que nem sequer  tinham condições  de sair, íamos convidando familiares que porventura encontrávamos.
Podem crer que , para mim e para a equipa, foi o melhor Natal que podemos vivenciar até  hoje nas nossas vidas.  Partíamos todos os dias do Santuário, às 21h, onde rezamos uma pequena oração pedindo a proteção  da Mãe para a nossa caminhada  e levarmos as suas bênçãos para a família que íamos visitar. Valeu a pena todos os sacrifícios, pois  a novena era  feita a pé e a  Mãe não nos poupou. Logo no primeiro dia da novena, tínhamos um temporal de muita chuva e muito vento, que nada se segurava nas nossas mãos, os nossos guardas chuvas partiram-se todos, só restava caminhar à chuva, mas mesmo assim partimos do Santuário cerca de 20 pessoas e neste dia o percurso era a mais longe.  Todos cantavam, riam, enfim….. Percebia-se a alegria de fazer algo pelos outros, nunca se ouviu um “ai de desânimo”, nem pensar em voltar para trás, apesar do temporal ser cada vez maior. Sabem? A pessoa idosa que íamos visitar estava preocupada à nossa espera, pois pensava que assim nós não íamos e ela já estava a ficar triste. Não podem imaginar a alegria dela quando chegamos.

E foi este o grupo, que se manteve todos os dias, chegando ao número de 24 pessoas. Todos os dias choveu e não era uma chuvinha qualquer, não, até os ossos ficavam molhados e congelados pois era muito frio, um e dois graus.
 
 
Em cada casa que visitávamos, rezávamos com a pessoa, conversávamos com ela e no final entregávamos uma estrela para essa pessoa poder escrever o nome dela e a  dos seus familiares e, no último dia da novena seria estas seriam entregues à Mãe no Santuário e assim, eram lembrados  todos os membros dessa família. Entregava-se também uma ROSA BRANCA que simboliza a nossa Mãe e na folha estava deitado o Menino Jesus.  Como quase todas as pessoas nem sequer de casa podiam sair, nem sequer escrever, alguém da equipa se responsabilizou de passar lá e trazer a estrela.
E porquê o símbolo da estrela?
Cada um de nós queria ser a Estrela da Esperança neste Natal. Apesar das circunstâncias que nos encontramos, Jesus quer nascer novamente em cada coração e tornar o homem feliz com a Sua Presença e mesmo que algumas portas se fechem, ELE NÃO SE CANSA DE PROCURAR CORAÇÕES QUE O RECEBAM.
Vimos muita “miséria humana “, mas grandes corações que amam Jesus e a nossa Senhora.  Enquanto, da noite, andávamos à chuva, estrelas iam acendiam-se e tornavam a sua Luz  num grande clarão de esperança e amor que só Jesus pode dar.
 
Assim, chegamos ao nono dia da novena. Esta começaria de uma forma especial, pois às 14h saí do santuário com 15 Jovens, na qual durante toda a tarde fomos visitar pessoas idosas e doentes, que moravam mais longe, totalmente noutra extremidade da Paróquia. Assim andamos toda a tarde, terminando a atividade num lar. Pelas 19h jantamos, pois teríamos um percurso para andar durante uma hora até chegar ao santuário. Lá nos esperavam as outras pessoas, que connosco fariam a visita à última família da nossa novena. Para este fim, seria um idoso que mora em frente à nossa casa. Estava à nossa esperava com muita alegria e emoção. Foi uma noite, que muita gente nunca mais esquecerá. Cantamos a procura de albergue a começar nessa família, depois todos juntos fomos para o recinto do santuário, onde fizemos as outras portas- A Juventude era responsável por esta noite. Era um silêncio celestial e todos participavam com muita atenção. O final da oração foi no santuário. E para grande surpresa o santuário estava completamente cheio, eramos perto de 45 pessoas e verifiquei com muita alegria, que alguns familiares das pessoas que visitamos estavam presentes.
Num momento de silêncio, entregamos à Mãe estes dias abençoados e cada pessoa que estava presente ganhou  uma velinha  acesa,  com uma estrela e a Mãe no centro. A Novena estava a chegar ao fim, mas as coisas não podiam ficar paradas, só porque simplesmente acabaram os dias da novena. A Luz devia continuar a brilhar em mais corações e nós queríamos continuar a ser portadores dessa luz que nunca se deve apagar, pois Jesus é a nossa Luz. 
Partilho com vocês alguns testemunhos, da equipa:
-“ Como grupo da Pastoral do Santuário do Porto, vivemos e experimentamos mais de perto o que é partilhar a alegria e a tristeza, as dificuldades de tantas pessoas, que nós nem nos damos conta disso. É preciso viver uma situação como esta para nós próprios sabermos dar mais atenção ao que se passa à nossa volta. Valeu a pena ! Estas  experiências não se esquecem nunca mais. “ 
- “ Simplesmente a minha vida mudou, não é mais a mesma! “ 
- “ A minha maior alegria, era ver as outras pessoas felizes, apesar de ser tão pouco tempo que estávamos ali com elas. Valeu a pena o sacrifício! “ 
- “ Provocar sorrisos,
Respeitar diferenças.
Partilhar histórias,
Unicamente estar … 
Nesta Novena de Natal,
Repartimos algo que é nosso,
Com os outros, com alegria,
Também Ela a nossa força
Neste caminho de serviço. “ 
“ Pela primeira vez tive a graça de participar nesta bela experiência que foi a ‘ Novena de Natal ‘ . Ajudou- me a aprofundar a minha atitude pessoal perante o Natal e a preparar com alegria, no meu coração e na minha Família, a vinda do Menino Jesus.
Sinto que foi uma experiência muito rica e cheia de bênçãos, não só para os que participaram na novena, cujos laços de amizade e união ficaram mais fortes, bem como para a Famílias que acolheram o Menino Jesus em suas casas.
A cada dia da novena, foi crescendo em mim a Graça da transformação- a vontade de estar presente foi ficando mais forte; a Graça do acolhimento – a cada dia sentia o amor de Jesus e de Maria a crescer dentro de mim; e finalmente a Graça do envio- de poder levar a nossa Mãe e Rainha e o seu querido Filho Jesus à casa das Famílias que disseram o seu sim. Obrigado meu Deus." 
Como a Mãe nos presenteia com tantas coisas bonitas ,  nós é que por vezes nem  sabemos dar conta delas, uma ideia tão simples e que provocou  “milhares “ de luzes de esperança em corações que tanto precisam dela.
A Pastoral do Santuário Rainha da Família, diocese do Porto, deseja a toda a Família de Schoenstatt muitas graças de Aliança.
Pela equipa, Ir. Lúcia Lopes
 
 

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