sábado, 19 de maio de 2012

A Mãe Peregrina na prisão de Tires

PORTUGAL, Maria de Lurdes Paredes. De uma maneira ou de outra sentimo-nos, a maior parte do tempo, aprisionados, sem aquela liberdade que todo o homem anseia. Cumprir pena numa prisão penso que é das realidades mais duras que podem existir. Há muito tempo que pensava fazer este apostolado, mas o impulso foi dado com a tradução de uma reflexão/oração sobre o testemunho do Padre Kentenich em Dachau, lugar que livremente escolheu para dar a vida pelos seus amigos, sempre com uma fé inabalável na Divina Providência e na proteção e cuidado da Mãe de Deus, quis com isso alcançar a verdadeira liberdade interior, a dos filhos de Deus, para todos os que faziam parte da família.

Na prisão de Tires, uma prisão só de mulheres, muitas são mães e, algumas que têm filhos até aos 3 anos de idade podem tê-los consigo, a Campanha da Mãe Peregrina estava a ser feita já há cerca de 10 anos por várias missionárias. Ofereci-me como missionária sabendo que precisavam de alguém aos fins-de-semana, para substituir uma missionária que ficara doente, e ajudar uma missionária, a Antonieta, que ao longo destes anos também tem dado o seu amor e vida a todas as reclusas, elas são a sua família.

O santuário estava ali com todas as suas graças, Jesus estava entre os seus amigos prediletos

Quando cheguei e fui apresentada, fui muito bem recebida por todas as reclusas, os abraços e beijos misturados com lágrimas começavam, os testemunhos dos mais comoventes e autênticos que já ouvi, faziam com que as lágrimas não parassem de cair. A oração e reflexão do terço acompanhado de cânticos foram momentos sagrados ao redor da imagem da Mãe Peregrina e de uma pequena foto do Padre Kentenich, o santuário estava ali com todas as suas graças, Jesus estava entre os seus amigos prediletos.
Na sexta-feira Santa, a Via Sacra e a Adoração à Cruz feitas na capela do Bom Pastor, na presença do Padre Miguel do Movimento Espiritano, viveu-se intensamente a paixão de Cristo, é quase inexplicável o que senti, entre choros, muitas quiseram confessar-se com o Padre Miguel, outras mantinham uma serenidade e fortaleza incríveis, outras ainda abraçavam a Antonieta, a amiga e mãe que lhes prestava atenção e lhes tinha devolvido a esperança e a fé, que as tratava como filhas, e não como números ou como pessoas indesejáveis, que lhes tinha devolvido a auto estima e a dignidade.



Estive na prisão e visitaste-Me

Em Mt9, 10-4 “Prefiro a misericórdia ao sacrifício, porque não vim chamar os justos mas os pecadores” e diz ainda “…Sempre que fizeste isto a um deste meus irmãos mais pequeninos a Mim mesmo o fizeste, porque tive fome e deste-Me de comer…estive na prisão e visitaste-Me” penso que é assim que Deus quer que se aja na nova comunidade, acolhendo, aceitando aqueles com quem a sociedade não quer nada.
Precisamos todos, os que nos intitulamos cristãos, de seguir as pegadas de Jesus como fez o Padre Kentenich, como estas missionárias e muitos outros que até nem se dizem cristãos e levar o bem e a misericórdia a estes lugares onde a desumanização reina.

Só o Amor nos vai libertar das “nossas prisões”

Tenho informação de que no ano passado, não posso precisar a data, a Mãe Peregrina foi coroada de Rainha da Liberdade e da Alegria.
Hoje, e mais que nunca, o novo mandamento de Jesus ressoa nos nossos corações “Amai-vos uns aos outros como Eu Vos Amei”
Deus é Amor - Só o Amor Liberta! Só o Amor nos vai libertar das “nossas prisões”.

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