Sinal de PRIMAVERA nos nossos dias
Habemus papam!” – Talvez sejam estas as palavras que mais ansiamos ouvir nos últimos dias. O Papa Bento XVI resignou e muito se tem falado sobre a sua pessoa e o seu pontificado. Quanto escutamos ou ouvimos? Muitos até apelidaram esta fase como crise na Igreja. É caricato como a nossa sociedade gira em torno da palavra “crise”. Crises vêm desinstalar-nos, acabam com os nossos planos, provocam medo, obrigam a repensar o sentido da vida. É interessante que a palavra “crise” em chinês é a mesma para “chance”. A resignação do Papa Bento XVI não provocou qualquer crise na Igreja, mas sim uma renovação, um começar de novo com forças renovadas. O Padre Kentenich dizia que as “vozes do tempo” são “vozes de Deus”. Ele fala-nos pelos acontecimentos.
Estamos a entrar na primavera, por todo o
lado se vê nova vida, uma natureza colorida vai vestindo a terra, diversas
formas de vida desabrocham e sente-se um aroma diferente. Depois do inverno,
recomeça tudo de novo com a primavera. É a lei da natureza. A primavera, dizia
alguém, é uma explosão imensa, mas explosão silenciosa. Quanta força a terra
reuniu no inverno para agora deixar germinar esta vida? Grandes acontecimentos
dão-se no silêncio. Não foi assim com Maria de Nazaré, quando deu o seu “SIM”
na hora da Anunciação? O “SIM” determina o futuro, é a chance para uma
nova vida. Bento XVI escolheu o início da Quaresma, tempo de silêncio e oração,
para deixar surgir uma nova primavera na Igreja. Foi também no silêncio que
Jesus ressuscitou.
Há sempre uma força no novo começo que parece
oculta, silenciosa, mas que nos dá uma experiência de explosão interior: ELE
vive! O presente da Páscoa do Ressuscitado é uma profunda alegria, que
tem expressão no Aleluia: “Quando uma pessoa experimenta uma grande
alegria, então não consegue guardá-la para si. Ela precisa manifestá-la,
transmiti-la. Mas que sucede quando a pessoa é tocada pela luz da ressurreição,
entrando assim em contacto com a própria Vida, com a Verdade e com o Amor?
Disto, ela não pode limitar-se simplesmente a falar. O falar já não basta. Ela
tem de cantar.” (Bento XVI)
Não é verdade que parece que andamos todos
cansados de tudo e de todos? Não será tempo de mudarmos os acontecimentos
ouvindo a voz de Deus e dando o nosso sim? Um filósofo coreano, Byung-Chul Han
diz: “o que nos faz cansados é a pressão das muitas possibilidades.” O mundo em
que vivemos seduz-nos com uma vastidão de oportunidades e “exige” que experimentemos
tudo. Mas é da experiência do Ressuscitado que vem a verdadeira alegria e
vitalidade. Nós, cristãos, temos a obrigação de “cantar” esta alegria, de
renovar a sociedade para que surge nela uma nova primavera.
Ir. M. Paula Silva Leite, CMP
(Publicado no folheto mensal "Dia da
Aliança", Março 2013)
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