Ao terminar a semana dos Seminários que decorreu de 10 a 17 de Novembro de 2013, pedimos ao Padre Carlos Alberto, para responder a um conjunto de questões, sobre as vocações:
Como
é que um jovem descobre a sua vocação? Quais os sinais que deve perceber?
Como
chega à certeza de que o sacerdócio é o caminho que pretende seguir?
Qual
o papel da família na tomada da decisão?
Na
actualidade é mais fácil ou mais difícil um jovem ouvir o chamamento, com todo
o "ruído" que nos envolve?
Agradecemos as respostas que nos deu e que foram as seguintes:
Antes
de responder quero dizer que a resposta a estas perguntas é muito difícil.
Entenda-se neste sentido vocação ao sacerdócio, pois existem outras formas de
vida que são também uma vocação, quer seja na vida consagrada, que por exemplo
a vocação ao matrimónio.
Por
isso, a primeira resposta que se pode dar a este tipo de perguntas deve ser também
mais abrangente. Na verdade o mais importante é ajudar os jovens a descobrirem
a sua vocação, seja ela qual for.
Em
segundo lugar, suponho que a pergunta tem como objectivo uma descoberta da
vocação à vida consagrada, ou ao sacerdócio.
Neste
sentido penso que o ideal é começar pela pergunta sobre o papel da família
dessas decisões. Na verdade e segundo a minha opinião, por mais promoções
vocacionais que se façam e que são muito importantes, a Família, o lar é o
primeiro lugar onde deve florescer uma vocação. Toda a Família que é cristã
deve ter ser isso presente e procurar que os filhos se desenvolvam em todas as
dimensões da sua vida, no seu crescimento e no discernimento da sua vocação,
seja ela qual for. Mas como cristãos devem também ter a coragem de confrontar
os filhos com a possibilidade de uma vocação à vida consagrada.
Mas
nos dias de hoje e na minha opinião, as famílias atravessam uma situação a que
eu chamo de crise familiar. Refiro-me concretamente às muitas situações de
famílias separadas e recasadas, bem como os ataques à família com as políticas
existentes. Nesse sentido penso que é importante criar espaços onde os jovens
se possam questionar sobre a sua vocação à vida consagrada. Posso dar dois
exemplos bem concretos: Os grupos de jovens, ou até mesmo a catequese, devem
ser espaços onde os catequistas ou monitores de grupos de jovens estão
preparados para ajudar a um discernimento vocacional. Fazer uma boa experiência
de fé, numa caminhada concreta nesses grupos é importante. Em segundo lugar na
liturgia, mais concretamente na Eucaristia, encontramos um lugar privilegiado
para uma possível descoberta da vocação ao sacerdócio. Dou muita importância a
este segundo ponto porque continuo convencido que um contacto mais directo com
Cristo, no serviço ao Altar, ajuda a que os jovens se questionem sobre este
estilo de vocação.
Depois,
os sinais para se perceber e também como é que se descobre a vocação, pode ser
muito diverso. Mas posso mencionar algumas coisas da minha opinião bem pessoal.
O gosto dos jovens pela oração e por estar com Jesus – para mim o mais
importante de tudo o que se possa dizer, ter uma certa sensibilidade para com
os outros e para o social, ser uma pessoa disponível em que se perceba que vive
o evangelho do serviço e da entrega. Quem sabe poderão haver muitos outros
sinais, mas a estes dou mais importância. Toda a parte intelectual não a coloco
entre os aspectos anteriores porque, apesar de ser muito importante, para mim
destaco em primeiro lugar as outras.
Quanto
às certezas do caminho no sacerdócio penso que essas não existem. Em primeiro
lugar porque se trata de um caminho que implica discernimento, com um
acompanhamento adequado. Daí a importância de termos bons formadores e ao
mesmo tempo, da nossa parte, rezar por eles para que sejam bons instrumentos de
Deus no acompanhamento dos jovens em caminho ao sacerdócio. Se pudéssemos fazer
uma comparação, seria como o namoro. Um tempo que é um caminho onde, mais uma
vez, a oração deve ser parte fundamental tanto do jovem que está a caminho do
sacerdócio, como de todos os cristãos em oração pelas vocações.
Em
segundo lugar, eu penso que já como sacerdote, é importante continuar na
procura do Senhor e unir-se a Ele cada vez mais. Este caminho para mim não
termina com a ordenação sacerdotal, estou pronto e já está. Não é assim. Deve
continuar sempre num enamoramento do Senhor com a ajuda da Nossa Senhora que
tanto ama os sacerdotes. É neste sentido que digo que não existem certezas. E
não o digo assim devido ás situações dos que deixam o sacerdócio, mas porque
acredito que assim é o caminho daqueles que o Senhor escolhe para esta
consagração total ao Seu serviço.
Por
último a actualidade, ou seja o “ruido” do mundo em que estamos envolvidos. É
certo que nos dias de hoje num mundo tão globalizado, estamos a ser
constantemente “provocados” pelas situações adversas do mundo onde estamos
inseridos. Antes era como se estivéssemos envolvidos pelos “muros do convento”
que nos protegiam, ou seja, por um ambiente onde era possível que se proporcionasse
uma atmosfera religiosa à nossa volta. Hoje já não é assim. Daí a importância
cada vez maior de ajudar os jovens a proteger o seu mundo interior. Quero dizer
com isto, ajudar a nossa juventude numa formação mais séria da sua pessoa, da
sua personalidade, para que o jovem, no meio do mundo que o rodeia, seja capaz
de discernir. Fornecer-lhe ferramentas para que seja capaz de, segundo os
princípios em que acredita, tomar as decisões acertadas para a sua vida. Isso
porque no mundo de hoje é muito fácil deixar-se influenciar pelo que está à
nossa volta. O Padre José Kentenich, fundador do Movimento de Schoenstatt, no
início do seu sacerdócio como Director Espiritual do Seminário, disse aos
Seminaristas uma frese muito importante: “Sob
a protecção de Maria, queremos aprender a auto-educar-nos para ser
personalidades fortes, livres e sacerdotais”. É nisto que eu acredito. Na
minha opinião, esta também é a melhor maneira de ajudar os nossos jovens no
discernimento da sua vocação ao sacerdócio.
As fotografias que ilustram este trabalho, mostram diversas actividades que o Padre Carlos Alberto, vai desempenhando como Director Diocesano do Movimento de Schoenstatt.
Obrigado Padre Carlos Alberto, pela colaboração.
Fami e Paulo
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