domingo, 17 de novembro de 2013

Semana das Vocações - Para ler e meditar


Ao terminar a semana dos Seminários que decorreu de 10 a 17 de Novembro de 2013, pedimos ao Padre Carlos Alberto, para responder a um conjunto de questões, sobre as vocações:

Como é que um jovem descobre a sua vocação? Quais os sinais que deve perceber?
Como chega à certeza de que o sacerdócio é o caminho que pretende seguir?
Qual o papel da família na tomada da decisão?
Na actualidade é mais fácil ou mais difícil um jovem ouvir o chamamento, com todo o "ruído" que nos envolve?

Agradecemos as respostas que nos deu e que foram as seguintes:

Antes de responder quero dizer que a resposta a estas perguntas é muito difícil. Entenda-se neste sentido vocação ao sacerdócio, pois existem outras formas de vida que são também uma vocação, quer seja na vida consagrada, que por exemplo a vocação ao matrimónio. 
Por isso, a primeira resposta que se pode dar a este tipo de perguntas deve ser também mais abrangente. Na verdade o mais importante é ajudar os jovens a descobrirem a sua vocação, seja ela qual for. 
Em segundo lugar, suponho que a pergunta tem como objectivo uma descoberta da vocação à vida consagrada, ou ao sacerdócio. 
Neste sentido penso que o ideal é começar pela pergunta sobre o papel da família dessas decisões. Na verdade e segundo a minha opinião, por mais promoções vocacionais que se façam e que são muito importantes, a Família, o lar é o primeiro lugar onde deve florescer uma vocação. Toda a Família que é cristã deve ter ser isso presente e procurar que os filhos se desenvolvam em todas as dimensões da sua vida, no seu crescimento e no discernimento da sua vocação, seja ela qual for. Mas como cristãos devem também ter a coragem de confrontar os filhos com a possibilidade de uma vocação à vida consagrada.


Mas nos dias de hoje e na minha opinião, as famílias atravessam uma situação a que eu chamo de crise familiar. Refiro-me concretamente às muitas situações de famílias separadas e recasadas, bem como os ataques à família com as políticas existentes. Nesse sentido penso que é importante criar espaços onde os jovens se possam questionar sobre a sua vocação à vida consagrada. Posso dar dois exemplos bem concretos: Os grupos de jovens, ou até mesmo a catequese, devem ser espaços onde os catequistas ou monitores de grupos de jovens estão preparados para ajudar a um discernimento vocacional. Fazer uma boa experiência de fé, numa caminhada concreta nesses grupos é importante. Em segundo lugar na liturgia, mais concretamente na Eucaristia, encontramos um lugar privilegiado para uma possível descoberta da vocação ao sacerdócio. Dou muita importância a este segundo ponto porque continuo convencido que um contacto mais directo com Cristo, no serviço ao Altar, ajuda a que os jovens se questionem sobre este estilo de vocação. 

Depois, os sinais para se perceber e também como é que se descobre a vocação, pode ser muito diverso. Mas posso mencionar algumas coisas da minha opinião bem pessoal. O gosto dos jovens pela oração e por estar com Jesus – para mim o mais importante de tudo o que se possa dizer, ter uma certa sensibilidade para com os outros e para o social, ser uma pessoa disponível em que se perceba que vive o evangelho do serviço e da entrega. Quem sabe poderão haver muitos outros sinais, mas a estes dou mais importância. Toda a parte intelectual não a coloco entre os aspectos anteriores porque, apesar de ser muito importante, para mim destaco em primeiro lugar as outras.


Quanto às certezas do caminho no sacerdócio penso que essas não existem. Em primeiro lugar porque se trata de um caminho que implica discernimento, com um acompanhamento adequado. Daí a importância de termos bons formadores e ao mesmo tempo, da nossa parte, rezar por eles para que sejam bons instrumentos de Deus no acompanhamento dos jovens em caminho ao sacerdócio. Se pudéssemos fazer uma comparação, seria como o namoro. Um tempo que é um caminho onde, mais uma vez, a oração deve ser parte fundamental tanto do jovem que está a caminho do sacerdócio, como de todos os cristãos em oração pelas vocações.

Em segundo lugar, eu penso que já como sacerdote, é importante continuar na procura do Senhor e unir-se a Ele cada vez mais. Este caminho para mim não termina com a ordenação sacerdotal, estou pronto e já está. Não é assim. Deve continuar sempre num enamoramento do Senhor com a ajuda da Nossa Senhora que tanto ama os sacerdotes. É neste sentido que digo que não existem certezas. E não o digo assim devido ás situações dos que deixam o sacerdócio, mas porque acredito que assim é o caminho daqueles que o Senhor escolhe para esta consagração total ao Seu serviço.


Por último a actualidade, ou seja o “ruido” do mundo em que estamos envolvidos. É certo que nos dias de hoje num mundo tão globalizado, estamos a ser constantemente “provocados” pelas situações adversas do mundo onde estamos inseridos. Antes era como se estivéssemos envolvidos pelos “muros do convento” que nos protegiam, ou seja, por um ambiente onde era possível que se proporcionasse uma atmosfera religiosa à nossa volta. Hoje já não é assim. Daí a importância cada vez maior de ajudar os jovens a proteger o seu mundo interior. Quero dizer com isto, ajudar a nossa juventude numa formação mais séria da sua pessoa, da sua personalidade, para que o jovem, no meio do mundo que o rodeia, seja capaz de discernir. Fornecer-lhe ferramentas para que seja capaz de, segundo os princípios em que acredita, tomar as decisões acertadas para a sua vida. Isso porque no mundo de hoje é muito fácil deixar-se influenciar pelo que está à nossa volta. O Padre José Kentenich, fundador do Movimento de Schoenstatt, no início do seu sacerdócio como Director Espiritual do Seminário, disse aos Seminaristas uma frese muito importante: “Sob a protecção de Maria, queremos aprender a auto-educar-nos para ser personalidades fortes, livres e sacerdotais”. É nisto que eu acredito. Na minha opinião, esta também é a melhor maneira de ajudar os nossos jovens no discernimento da sua vocação ao sacerdócio.


As fotografias que ilustram este trabalho, mostram diversas actividades que o Padre Carlos Alberto, vai desempenhando como Director Diocesano do Movimento de Schoenstatt.
Obrigado Padre Carlos Alberto, pela colaboração.

Fami e Paulo 

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