ESPANHA, Pe.
Carlos Padilla. A indulgência plenária é uma graça de Deus, um dom, é a expressão da sua
misericórdia. Deus curva-se para levantar o homem que caiu e assim o restaura.
A Igreja por meio da indulgência, ajuda-nos a tocar o coração misericordioso de
Deus. É uma graça que nos concede para aprender a caminhar. Um mistério. Não
temos direito a receber a indulgência, mas podemos acolhê-la com um coração
singelo e alegre e aceitar assim o dom para beneficiarmos dele. Esta receção só
é possível com humildade e fé. A indulgência purifica-nos, limpa-nos,
devolve-nos a inocência perdida. Permite que comece no coração um processo de
conversão.
Voltamos o olhar para o
Senhor, para o Bom Pastor, para Maria que nos espera com os braços abertos. O
pecado afasta-nos de Deus, faz-nos sentir indignos, impede que o coração se
abra à graça. O perdão devolve-nos a vida que tínhamos perdido. A indulgência é
uma graça pela qual começamos um novo caminho. Derrama-se sobre nós a graça de
Deus que nos limpa profundamente e nos torna homens novos. Deus perdoa-nos de
forma infinita, espera-nos sempre, abraça-nos e ama-nos sem condições, a sua
misericórdia envolve-nos e assim, salvos pelo olhar de Cristo, podemos
recomeçar.
Neste ano
jubilar queremos abrir o coração para que o seu perdão e o seu amor se derrame
no nosso coração de forma especial
Há dois aspetos especiais,
o primeiro é que se trata de um presente que a Igreja nos dá. O segundo é que
está unido ao nosso Santuário, a essa terra de Maria onde encontrámos o nosso
lar. A graça do perdão está unida ao Santuário mais que nunca. A sua
misericórdia infinita está ligada ao ato de peregrinar à nossa fonte de vida.
Maria é o caminho mais direto para Cristo, para Deus Pai, agora mais que nunca.
Ao mesmo tempo é o caminho de Deus para nós. Nós, que amamos o Santuário, e
pensamos que é um lugar de graças especial, este ano recebemos o dom de que
esse perdão, que se nos oferece com as indulgências, está unido a um momento de
estar ali junto a Maria. É um presente que queremos abrir a toda a Igreja, a
qualquer pessoa que chegue aos nossos Santuários, a todos os peregrinos.
Os lugares
de graças são lugares santos
Os nossos Santuários de
Schoenstatt são lugares santos, lugares onde a presença de Deus é muito
especial. Maria um dia estabeleceu ali a sua morada para sempre e, desde há
quase cem anos, derrama abundantes graças. Neste ano jubilar, essa greta que
une Deus com os homens, abre-se mais. Por isso podemos receber o dom da
indulgência todos os dias se o desejarmos durante este ano jubilar como foi
decretado pelo Papa Francisco: “O Sumo Pontífice concede a indulgência
plenária que se ganhará com as condições habituais (confissão, comunhão
eucarística e orações pelas intenções do Sumo Pontífice), a todos os membros da
Obra de Schoenstatt e a outros fiéis Cristãos que estejam celebrando o jubileu,
sinceramente arrependidos, unidos de coração às finalidades espirituais do Ano
da Fé. Poderá ser obtida desde 18 de outubro (2013) até 26 de outubro de 2014
por quantos participem em algumas das celebrações do Ano Jubilar ou realizem
algum exercício piedoso ou pelo menos dediquem um tempo adequado a piedosas
meditações”. É uma brecha aberta entre o céu e a terra pela qual se derrama
a graça de Deus. Chegamos ao Santuário, descansamos em Maria, deixamo-nos tocar
pela graça do lugar santo. Basta com um momento de oração, um encontro pessoal
com Maria.
As condições
que a Igreja pede são os passos que permitem que o coração se abra ao dom de
Deus
A indulgência abre um
caminho de conversão na alma.
Em primeiro lugar é-nos
pedido que nos confessemos. Confessarmo-nos com um bom exame de consciência
prévio, olhando em profundidade o coração e expondo com humildade as nossas
faltas. A confissão liberta-nos. Recebemos o perdão no ato de nos humilharmos.
De joelhos, humilhados, entregamos tudo, abrimos o coração, manifestamos a
nossa debilidade, mostramo-nos frágeis e recebemos como graça o perdão dos
nossos pecados. É o primeiro ato do caminho de conversão. Sem confissão não é
possível que nos possamos converter. Temos que pôr um prazo, para não nos
esquecermos. Podemos confessar-nos dentro dos catorze dias posteriores da
visita ao Santuário ou nos catorze dias prévios. Ao colocar este prezo, a
Igreja assegura que, depois de visitar um lugar santo, neste caso o nosso
Santuário, não nos esquecemos de nos confessarmos. Por isso não se trata de nos
confessarmos todos os dias que vamos ao Santuário, não é o sentido da
confissão. É algo mais profundo. Este ano de graças é um ano importante para
que aprendamos a confessar-nos bem, preparando o que vamos dizer, aprofundando
o nosso mundo interior. Às vezes dizemos todo o bem que fazemos e depois com ligeireza
mencionamos algumas faltas. É necessário olhar para a nossa vida à luz do nosso
ideal pessoal, do nosso ideal de vida, e reconhecer que somos débeis e
pequenos.
O segundo passo que a
Igreja nos pede é participar numa eucaristia. Uma vez que tenhamos confessado
as nossas culpas e tenhamos recebido a graça do perdão, participamos na
eucaristia. Para receber a indulgência temos de ir à missa nesse mesmo dia.
Experimentamos o amor de Deus. Recebemos o seu Corpo e Sangue e tornamo-nos
parte da sua vida. Cristo vem até nós para que nós vamos sempre até Ele. A
eucaristia é a plenitude do amor na nossa vida.
O terceiro passo é a
oração pelo Papa e as suas intenções. O pecado rompe-nos por dentro, afasta-nos
de nós mesmos e de Deus. Mas também nos separa da Igreja. Por isso, uma vez
restituída a relação com Deus e connosco próprios, através da confissão e da
eucaristia, unimo-nos à Igreja na oração pelo Santo Padre. Sentimo-nos parte da
Igreja. Não vamos sós pelo caminho. Necessitamos uns dos outros. O bem que eu
faço é um bem para os outros, uma graça. O mal que faço é a ausência de bem, de
graça. Caminhamos em comunhão com os nossos irmãos. Os que comemos do mesmo pão
e bebemos do mesmo vinho somos parte de um mesmo Deus, de uma mesma Igreja.
Pedimos pela Igreja, pelo Papa que a representa e pelas suas intenções. Podemos
concretizá-lo na recitação de um pai-nosso, uma ave-maria e um credo. É a forma
mais simples de nos unirmos a toda a Igreja. É conveniente que a comunhão e a
oração pelas intenções do Papa se realizem no mesmo dia.
A indulgência pode-se
aplicar aos defuntos, mas não aos vivos. As almas das pessoas a quem amamos
pode ser que estejam no purgatório, não o sabemos. Por eles podemos oferecer as
indulgências. O sacerdote oferece a missa diariamente por um ou vários
defuntos. Rezamos para que Deus os acolha no seu Reino, perdoe as suas faltas,
lhes ofereça o seu amor e possam assim descansar já em paz ao seu lado para
sempre. A nossa oração pelos defuntos é fundamental e não podemos esquecê-la.
Necessitam do nosso sim e da nossa entrega. Necessitam da nossa fidelidade na
oração e do nosso amor. Podemos oferecer as indulgências pelos defuntos que
levamos no coração e necessitam da nossa colaboração.
Também podem receber a
indulgência aqueles doentes que, por razão da sua doença, não possam ir ao
Santuário. Disse o Santo Padre: “Aqueles membros da Obra de Schoenstatt que,
por doença e por outras causas graves, estão impedidos de participar nas
celebrações jubilares podem, no mesmo lugar onde se encontram, obter a
Indulgência Plenária. Os doentes oferecem muito com o seu sofrimento. Eles
recebem a graça da indulgência nos seus lares, por que lhes é difícil
deslocarem-se até ao Santuário. Pedimos que este tempo de graça seja um tempo
muito abençoado para todos aqueles que, na sua doença, se unam de forma muito
concreta à cruz de Cristo.
Ao mesmo
tempo, Deus queira que este ano seja para cada um de nós um ano de perdão
Levamos muitas coisas
guardadas no coração. Feridas, rancores, ofensas não perdoadas. Um ano de
indulgências é um ano de perdão, de reconciliação, de paz, um tempo para
recomeçar. Pedimos a Deus que nos ensine a perdoar e a esquecer de coração. O
abraço misericordioso de Deus, que sempre é imenso, este ano quer tornar-se
palpável num lugar concreto, no Santuário e através da nossa própria vida.
Pedimos que as indulgências que recebamos transformem o nosso coração. Pedimos
que nos chegue a conversão e através do nosso amor a muitos outros. A Igreja
convida-nos a que este perdão se converta num presente para outros. Não o
queremos guardar egoisticamente. Pedimos a Deus que nos ajude a aprender a
olhar para além de nós mesmos, dos nossos egoísmos e interesses. Queremos
sentir-nos em família com toda a Igreja. A indulgência ajuda a sentirmo-nos
unidos e responsáveis uns pelos outros, uma família que caminha,
misteriosamente unida, rumo ao céu. É bonito pensar que este ano o Santuário
vai ser lugar de perdão, de misericórdia, de paz. Dali vão sair milhares de
orações pela Igreja, pelo Papa, por aqueles que nos precederam na vida.
Fonte: www.schoenstatt.org
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