terça-feira, 26 de novembro de 2013

Indulgências plenárias no nosso ano jubilar, 18 de outubro 2013 - 26 de outubro 2014


ESPANHA, Pe. Carlos Padilla. A indulgência plenária é uma graça de Deus, um dom, é a expressão da sua misericórdia. Deus curva-se para levantar o homem que caiu e assim o restaura. A Igreja por meio da indulgência, ajuda-nos a tocar o coração misericordioso de Deus. É uma graça que nos concede para aprender a caminhar. Um mistério. Não temos direito a receber a indulgência, mas podemos acolhê-la com um coração singelo e alegre e aceitar assim o dom para beneficiarmos dele. Esta receção só é possível com humildade e fé. A indulgência purifica-nos, limpa-nos, devolve-nos a inocência perdida. Permite que comece no coração um processo de conversão.
Voltamos o olhar para o Senhor, para o Bom Pastor, para Maria que nos espera com os braços abertos. O pecado afasta-nos de Deus, faz-nos sentir indignos, impede que o coração se abra à graça. O perdão devolve-nos a vida que tínhamos perdido. A indulgência é uma graça pela qual começamos um novo caminho. Derrama-se sobre nós a graça de Deus que nos limpa profundamente e nos torna homens novos. Deus perdoa-nos de forma infinita, espera-nos sempre, abraça-nos e ama-nos sem condições, a sua misericórdia envolve-nos e assim, salvos pelo olhar de Cristo, podemos recomeçar.

Neste ano jubilar queremos abrir o coração para que o seu perdão e o seu amor se derrame no nosso coração de forma especial

Há dois aspetos especiais, o primeiro é que se trata de um presente que a Igreja nos dá. O segundo é que está unido ao nosso Santuário, a essa terra de Maria onde encontrámos o nosso lar. A graça do perdão está unida ao Santuário mais que nunca. A sua misericórdia infinita está ligada ao ato de peregrinar à nossa fonte de vida. Maria é o caminho mais direto para Cristo, para Deus Pai, agora mais que nunca. Ao mesmo tempo é o caminho de Deus para nós. Nós, que amamos o Santuário, e pensamos que é um lugar de graças especial, este ano recebemos o dom de que esse perdão, que se nos oferece com as indulgências, está unido a um momento de estar ali junto a Maria. É um presente que queremos abrir a toda a Igreja, a qualquer pessoa que chegue aos nossos Santuários, a todos os peregrinos.

Os lugares de graças são lugares santos

Os nossos Santuários de Schoenstatt são lugares santos, lugares onde a presença de Deus é muito especial. Maria um dia estabeleceu ali a sua morada para sempre e, desde há quase cem anos, derrama abundantes graças. Neste ano jubilar, essa greta que une Deus com os homens, abre-se mais. Por isso podemos receber o dom da indulgência todos os dias se o desejarmos durante este ano jubilar como foi decretado pelo Papa Francisco: “O Sumo Pontífice concede a indulgência plenária que se ganhará com as condições habituais (confissão, comunhão eucarística e orações pelas intenções do Sumo Pontífice), a todos os membros da Obra de Schoenstatt e a outros fiéis Cristãos que estejam celebrando o jubileu, sinceramente arrependidos, unidos de coração às finalidades espirituais do Ano da Fé. Poderá ser obtida desde 18 de outubro (2013) até 26 de outubro de 2014 por quantos participem em algumas das celebrações do Ano Jubilar ou realizem algum exercício piedoso ou pelo menos dediquem um tempo adequado a piedosas meditações”. É uma brecha aberta entre o céu e a terra pela qual se derrama a graça de Deus. Chegamos ao Santuário, descansamos em Maria, deixamo-nos tocar pela graça do lugar santo. Basta com um momento de oração, um encontro pessoal com Maria.

As condições que a Igreja pede são os passos que permitem que o coração se abra ao dom de Deus

A indulgência abre um caminho de conversão na alma.

Em primeiro lugar é-nos pedido que nos confessemos. Confessarmo-nos com um bom exame de consciência prévio, olhando em profundidade o coração e expondo com humildade as nossas faltas. A confissão liberta-nos. Recebemos o perdão no ato de nos humilharmos. De joelhos, humilhados, entregamos tudo, abrimos o coração, manifestamos a nossa debilidade, mostramo-nos frágeis e recebemos como graça o perdão dos nossos pecados. É o primeiro ato do caminho de conversão. Sem confissão não é possível que nos possamos converter. Temos que pôr um prazo, para não nos esquecermos. Podemos confessar-nos dentro dos catorze dias posteriores da visita ao Santuário ou nos catorze dias prévios. Ao colocar este prezo, a Igreja assegura que, depois de visitar um lugar santo, neste caso o nosso Santuário, não nos esquecemos de nos confessarmos. Por isso não se trata de nos confessarmos todos os dias que vamos ao Santuário, não é o sentido da confissão. É algo mais profundo. Este ano de graças é um ano importante para que aprendamos a confessar-nos bem, preparando o que vamos dizer, aprofundando o nosso mundo interior. Às vezes dizemos todo o bem que fazemos e depois com ligeireza mencionamos algumas faltas. É necessário olhar para a nossa vida à luz do nosso ideal pessoal, do nosso ideal de vida, e reconhecer que somos débeis e pequenos.

O segundo passo que a Igreja nos pede é participar numa eucaristia. Uma vez que tenhamos confessado as nossas culpas e tenhamos recebido a graça do perdão, participamos na eucaristia. Para receber a indulgência temos de ir à missa nesse mesmo dia. Experimentamos o amor de Deus. Recebemos o seu Corpo e Sangue e tornamo-nos parte da sua vida. Cristo vem até nós para que nós vamos sempre até Ele. A eucaristia é a plenitude do amor na nossa vida.

O terceiro passo é a oração pelo Papa e as suas intenções. O pecado rompe-nos por dentro, afasta-nos de nós mesmos e de Deus. Mas também nos separa da Igreja. Por isso, uma vez restituída a relação com Deus e connosco próprios, através da confissão e da eucaristia, unimo-nos à Igreja na oração pelo Santo Padre. Sentimo-nos parte da Igreja. Não vamos sós pelo caminho. Necessitamos uns dos outros. O bem que eu faço é um bem para os outros, uma graça. O mal que faço é a ausência de bem, de graça. Caminhamos em comunhão com os nossos irmãos. Os que comemos do mesmo pão e bebemos do mesmo vinho somos parte de um mesmo Deus, de uma mesma Igreja. Pedimos pela Igreja, pelo Papa que a representa e pelas suas intenções. Podemos concretizá-lo na recitação de um pai-nosso, uma ave-maria e um credo. É a forma mais simples de nos unirmos a toda a Igreja. É conveniente que a comunhão e a oração pelas intenções do Papa se realizem no mesmo dia.

A indulgência pode-se aplicar aos defuntos, mas não aos vivos. As almas das pessoas a quem amamos pode ser que estejam no purgatório, não o sabemos. Por eles podemos oferecer as indulgências. O sacerdote oferece a missa diariamente por um ou vários defuntos. Rezamos para que Deus os acolha no seu Reino, perdoe as suas faltas, lhes ofereça o seu amor e possam assim descansar já em paz ao seu lado para sempre. A nossa oração pelos defuntos é fundamental e não podemos esquecê-la. Necessitam do nosso sim e da nossa entrega. Necessitam da nossa fidelidade na oração e do nosso amor. Podemos oferecer as indulgências pelos defuntos que levamos no coração e necessitam da nossa colaboração.

Também podem receber a indulgência aqueles doentes que, por razão da sua doença, não possam ir ao Santuário. Disse o Santo Padre: “Aqueles membros da Obra de Schoenstatt que, por doença e por outras causas graves, estão impedidos de participar nas celebrações jubilares podem, no mesmo lugar onde se encontram, obter a Indulgência Plenária. Os doentes oferecem muito com o seu sofrimento. Eles recebem a graça da indulgência nos seus lares, por que lhes é difícil deslocarem-se até ao Santuário. Pedimos que este tempo de graça seja um tempo muito abençoado para todos aqueles que, na sua doença, se unam de forma muito concreta à cruz de Cristo.

Ao mesmo tempo, Deus queira que este ano seja para cada um de nós um ano de perdão

Levamos muitas coisas guardadas no coração. Feridas, rancores, ofensas não perdoadas. Um ano de indulgências é um ano de perdão, de reconciliação, de paz, um tempo para recomeçar. Pedimos a Deus que nos ensine a perdoar e a esquecer de coração. O abraço misericordioso de Deus, que sempre é imenso, este ano quer tornar-se palpável num lugar concreto, no Santuário e através da nossa própria vida. Pedimos que as indulgências que recebamos transformem o nosso coração. Pedimos que nos chegue a conversão e através do nosso amor a muitos outros. A Igreja convida-nos a que este perdão se converta num presente para outros. Não o queremos guardar egoisticamente. Pedimos a Deus que nos ajude a aprender a olhar para além de nós mesmos, dos nossos egoísmos e interesses. Queremos sentir-nos em família com toda a Igreja. A indulgência ajuda a sentirmo-nos unidos e responsáveis uns pelos outros, uma família que caminha, misteriosamente unida, rumo ao céu. É bonito pensar que este ano o Santuário vai ser lugar de perdão, de misericórdia, de paz. Dali vão sair milhares de orações pela Igreja, pelo Papa, por aqueles que nos precederam na vida.
 

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