A Casa Sacerdotal de Aveiro, cujo sonho Deus abençoou desde o seu início, foi inaugurada no passado dia 7, na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, e abriu as suas portas a toda a Diocese no domingo, dia 16 deste mês de Junho.
Sonhada desde sempre como Santuário de Gratidão aos sacerdotes e a quantos os acompanharam dedicadamente ao longo da vida, a Casa Sacerdotal é agora um belo marco jubilar desta Igreja que vive em Missão, ao celebrar setenta e cinco anos da restauração da Diocese.
Quero hoje, mais uma vez e sempre, testemunhar a gratidão e afirmar com alma cheia de alegria o meu reconhecimento a todos quantos, dia a dia, contribuem para a construção da Casa Sacerdotal.
Um santuário levanta-se para Deus, ao jeito de mãos erguidas e de árvores plantadas, a partir do coração humano que é o chão sagrado que o sustenta.
Ao abrir as portas a quantos a visitaram, vindos de toda a Diocese, a Casa Sacerdotal é devolvida à Diocese que a construiu e é entregue ao Seminário a quem pertence. É este duplo vínculo que a identifica, define e diferencia.
Sem a Diocese seria impossível ousar construir a Casa Sacerdotal. Nela converge o amor generoso dos sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos. Ela deve-se aos contributos indispensáveis das comunidades cristãs, empresas, instituições, grupos e famílias que se organizaram para carrear para Aveiro, com igual dedicação e com o mesmo carinho de sempre, as pequeninas e as grandes ofertas. A bondade de uns e o espírito criativo de outros transformaram a Casa Sacerdotal numa bela epopeia de generosidade.
Sem o Seminário ficaria limitado o desígnio da Casa Sacerdotal e cerceado o seu horizonte. A proximidade física e institucional entre o Seminário e a Casa Sacerdotal abre caminho para a comunhão sempre necessária e abençoada de toda a Igreja diocesana, para que a gratidão vivida com os sacerdotes idosos e doentes se transforme em esperança celebrada com as novas vocações para o ministério presbiteral.
Construído que está o edifício, cumpre-nos agora ir modelando a sua alma. Vamos fazê-lo com redobrado entusiasmo. O entusiasmo que foi crescendo à medida que o sonho inicial se realizou, as paredes se ergueram, as divisões interiores se definiram, o espaço se embelezou, as janelas se abriram à vida e a mesa abundante e fraterna se preparou. O entusiasmo é hoje mais forte e consistente, graças à oração e à presença de tantas pessoas no dia da bênção e no dia aberto à visita.
O entusiasmo nasce e renasce diariamente da voz e do testemunho de muitos que nos falam de tantos casos para quem a Casa sacerdotal teria sido resposta, se já existisse. São palavras ditas e escritas que dão voz firme e expressão viva ao sentido da Casa Sacerdotal. São gestos discretos vindos do coração de quem já tanto deu mas que encontra sempre novas razões para acrescentar o azeite e a farinha, ao jeito do profeta, para que nunca falte o pão na mesa dos mensageiros de Deus (cf. 1 Reis 17, 10-16).
As obras sonhadas por Deus são sempre fruto do milagre da generosidade humana. Continuamos a acreditar que, com a ajuda de todos, levaremos até ao fim o pagamento completo da obra construída e ainda não completamente paga. Importa agora não demorarmos a pagar os empréstimos a que recorremos. São empréstimos sem juros e até por isso exigem que apressemos o momento de devolver com gratidão acrescida a preciosa ajuda que recebemos de muitas pessoas e instituições.
Com este compromisso sempre presente e com a certeza inabalável de que a generosidade humana nunca se esgota e de que a caridade cristã nunca acaba, olhamos agora o tempo já próximo em que, cumpridas todas as formalidades legais em curso, a nossa Casa Sacerdotal comece a receber aqueles a quem se destina.
Aguardamos esse dia com a serena naturalidade de quem sabe que habitar uma casa nova e bela, envolvida de carinho e dedicação, dá mais e melhor vida àqueles para quem foi pensada e construída. E nunca se edifica um Santuário de Gratidão que não seja para ser escola de oração e de vida, espaço de fraternidade e de alegria, onde o trabalho de uns se transforme diariamente em serviço dos outros e a oração destes se faça bênção para aqueles.
Queremos que a Casa Sacerdotal amplie e traga para os nossos dias essa “linda história de amor” que começou a ser escrita desde o dia do sonho do Seminário de Santa Joana, embalado no coração do nosso primeiro bispo, D. João Evangelista de Lima Vidal, e por ele entregue para sempre à Diocese.
Os seminaristas continuarão a ser sempre os seus primeiros protagonistas. A eles se juntarão agora aqueles que depois de longa vida sacerdotal, gasta no trabalho apostólico, regressam para perto do Seminário, como se nunca dele se tivessem separado, para a partir daí compreenderem ainda melhor o valor da vocação e o sentido do ministério.
À Diocese, por inteiro, pertence viver esta hora com o mesmo espírito presente e actuante em tudo e sempre neste tempo de Missão Jubilar em Aveiro.
Que Deus recompense em vida, saúde e graça todos quantos ajudam, hora a hora, a edificar, a consolidar e a tornar útil a Casa Sacerdotal. Contamos com todos e continuamos a precisar da ajuda de todos. A Casa Sacerdotal é de toda a Diocese de Aveiro. Obrigado, Diocese de Aveiro!
Aveiro, 24 de Junho, solenidade de S. João Baptista, de 2013
António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro
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