Claudia y Heinrich Brehm. O Papa Francisco
irradia uma grande humanidade e paternidade. É um homem que volta o rosto para
as pessoas e procura estar próximo delas. É um homem de grande humildade e
misericórdia, mas também um homem com muito sentido de humor. E ele é um homem,
cuja relação com a Virgem Santíssima é muito profunda e pessoal. Comentou o
Padre Alexandre Awi durante uma noite informativa para a Família de
Schoenstatt, organizada pela Central de Peregrinos de Schoenstatt no dia 5 de
janeiro e que se realizou depois da bênção da noite no Santuário Original,
convidando os peregrinos a ir à Casa de Peregrinos em Vallendar, Schoenstatt.
O P. Alexander Awi, diretor geral do Movimento de
Schoenstatt no Brasil, responsável da Juventude Masculina do Brasil e entre
outras funções, docente de teologia em duas universidades brasileiras,
acompanhou o Santo Padre durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2013 no
Brasil. Já durante o Sínodo dos bispos latino-americanos em Aparecida em maio
de 2007, o P. Alexandre trabalhou com o então Cardeal Bergoglio na redação do
documento final de Aparecida. Acabava de voltar de Roma, onde esteve reunido no
dia 26 de dezembro várias horas com o Papa Francisco e falou das impressões
sobre os encontros com o Santo Padre.
Uma pessoa de grande humanidade e
paternidade
Na verdade, fica torna-se um pouco embaraçoso por
ter de contar tanto de si próprio cada vez que fala do Papa Francisco,
desculpou-se o P. Alexandre antes de começar a sua declaração traduzida pelo P.
Antonio Bracht de português para alemão. "Faço-o apenas porque quero
falar-lhes sobre o Papa".
O Santo Padre Francisco continua a ser a mesma
pessoa que era como Cardeal Jorge Mario Bergoglio. O Padre Awi é testemunha
disto depois de ter trabalhado com ele como Arcebispo de Buenos Aires,
Argentina, em Aparecida em 2007, a seguir em 2013, quando o Papa Francisco
esteve na JMJ no Brasil e novamente agora com quem se encontrou em Roma, assim
relatou o P. Alexandre. Quando trabalhou com ele na redação do documento final
de Aparecida, já nessa altura chamou-lhe a atenção o interesse pessoal
demonstrado pelos seus colaboradores quando era Arcebispo. "Muitas vezes
perguntava-me: Dormiste bem? Comeste o suficiente? Estas perguntas fizeram
recordar o P. Alexandre da atitude que sempre teve o Padre Kentenich, o Fundador
de Schoenstatt, o qual se preocupava muito paternalmente com os seus
seguidores. "Também durante a Jornada Mundial da Juventude no Brasil,
experimentei o Papa Francisco como uma pessoa profundamente humana, como um
verdadeiro pai." Durante esse encontro, o P. Alexandre comentou com o
Santo Padre que desde há muito tempo tinha um encontro programado à noite com a
sua família e com os estudantes dos Padres de Schoenstatt onde queria ir. Nesse
dia tinham ido visitar vários hospitais, comentou o P. Alexandre. Entretanto
como o tempo ia passando, o Papa disse-lhe: "Estou preocupado que não
chegues a tempo ao teu encontro. Tens que ir agora".
Um homem com humor
Uma e outra vez – contou o P. Awi – trocaram cartas
depois do seu primeiro encontro em Aparecida. Mas não se atreveu a continuar
com a correspondência, disse o P. Alexandre: “Sempre pensei que o Arcebispo de
Buenos Aires tinha outras coisas para fazer do que responder às minhas cartas”.
Por esse motivo uma carta tinha ficado por responder, quando se inteirou que o
seu amigo tinha sido eleito Papa. “Imediatamente lhe enviei uma saudação
felicitando-o e como não conhecia a sua direção em Roma, enviei-o à direção que
eu conhecia em Buenos Aires. Com toda a probabilidade a carta não iria lá
chegar, comentou o P. Awi sorrindo. Contudo, depois de dois meses, tinha a
resposta nas suas mãos, onde lia claramente o bom humor do Papa: “Muito
obrigado pelas tuas felicitações. A tua carta demorou mais que a carta de
Cristóvão Colombo à sua tia, depois de ele ter descoberto o novo mundo!”
Um homem humilde que se interessa
pela opinião dos outros
O P. Alexandre foi chamado pouco antes da Jornada
Mundial da Juventude (JMJ) pelo Núncio do Brasil, em nome do Papa,
perguntando-lhe se podia estar disponível durante a JMJ como intérprete para o
Papa Francisco. No final o seu trabalho foi mais o de um secretário. O Papa
quis que ele lesse os seus discursos e que lhe dissesse o que tinha de
acrescentar ou alterar. Isto já o tinha feito em Aparecida e agora como Papa,
estava muito interessado na opinião de outra pessoa: "Sugeri em algumas
passagens, 'talvez possamos alterar algo aqui ou expressá-lo desta ou daquela
maneira e o Papa disse: "Sim, fazemos isso, fazemos isso!" Neste
espírito de camaradagem corrigimos os seus discursos! Numa manhã no Rio o Papa
disse rindo-se: "Agora estamos a trabalhar novamente juntos como em
Aparecida. Mas não te preocupes, desta vez não vamos trabalhar até às duas e
meia da madrugada!"
Um homem de afetos e próximo das
pessoas
O Papa Francisco é uma pessoa muito compassiva e
misericordiosa, disse o Padre Alexandre recordando uma aterragem num dia de
chuva na JMJ. À sua chegada no helicóptero, o Papa acenou a todas as pessoas
que esperavam vê-lo por trás de barricadas e em vez de entrar imediatamente no
avião que o esperava, caminhou pela relva húmida até às pessoas que o esperavam
para o saudar, falou com eles e demonstrou-lhes a sua admiração por o
esperarem, apesar do frio e da humidade. Por exemplo nesta situação, mas
sobretudo nas suas deslocações no papamóvel (“Na verdade tinha preferido não
viajar com ele! Fi-lo apenas porque o Santo Padre me pediu várias vezes: “Sim,
sim, por favor, vem! “ viu-se muito claramente o que este Papa atrai as
pessoas, mas também se viu o muito que o Papa necessita das pessoas.
"Momentos
schoenstattianos"
O seguinte tema sobre o qual ele quis falar,
chamou-o de "momentos schoenstattianos". A juventude schoenstattiana
tinha instalado numa das entradas para Copacabana, como sua contribuição no
Rio, um imenso santuário de Schoenstatt móvel. Ao passar com o papamóvel e
depois de o Papa o abençoar, voltou-se para o P. Alexandre e disse-lhe: "É
igual ao original!" (Artigo em www.schoenstatt.org).
No primeiro dia dos seus serviços durante a JMJ, o
Papa deu ao P. Alexandre um pequeno presente. O Padre Alexandre dava voltas à
cabeça para saber o que podia oferecer ao Papa, finalmente deu-lhe uma pequena
imagem da MTA que alguém tinha atirado para o papamóvel. O Papa ficou muito
contente e disse-lhe: “Já percebeste que eu ofereço as coisas que me oferecem,
mas a Ela deixo-a para mim”. No Rio colocou-a no seu escritório e pediu ao P.
Alexandre que a benzesse. O P. Alexandre ficou surpreendido: “Porquê eu?” “A
tua bênção vale tanto como a minha”, respondeu-lhe o Papa Francisco. Um tempo
depois escreveu ao P. Awi, comentando: “Tenho à minha frente a imagem da Virgem
Santíssima que me ofereceste e que abençoaste”. E quando o P. Alexandre o
visitou há uns dias em Roma, o Papa Francisco abriu a porta do seu quarto, e
ali estava a imagem em cima de uma mesa. O Padre Alexandre disse apenas: “creio
que a Virgem Santíssima cuida do nosso Papa!”
Visita a Roma no dia 26 de
dezembro
A razão pela qual o P. Alexandre se encontrou com o
Papa em 26 de dezembro, tem a ver com um livro, de uma editora jesuíta, sobre a
relação do Papa com Nossa Senhora. Ele aceitou este convite apenas com a
condição de que o Papa estivesse de acordo e que ele lhe falasse sobre este
livro. “O Papa concordou e também em falar comigo a esse respeito. Ele
escreveu-me: “Podemo-nos encontrar no dia 26 de dezembro às 10h30m, se tiveres
tempo, senão, marcamos para outra data.” É claro que tive tempo, sorriu o P.
Alexandre e o Papa recebeu-o nesse dia no seu pequeno escritório na Casa dos
Hóspedes de Santa Marta. “Quanto tempo temos, Santo Padre? Perguntou o Padre
Alexandre. “Até ao Ângelus, mas podes acompanhar-me”. Falámos até ao Ângelus
sobre as minhas perguntas. Em seguida o P. Alexandre acompanhou-o, permanecendo
atrás do Papa durante a oração, e como o Santo Padre ainda tinha duas horas
livres, mostrou-lhe o palácio apostólico, “tal como faria uma mãe mostrando a
casa da sua família à sua visita”, disse o P. Awi.
Aproveitou para pedir ao Papa uma breve resposta,
como ele costuma dar aos jornalistas, à seguinte pergunta: “Quem é para vós a
Virgem Santíssima?”. Ele esperava uma resposta teológica, mas o Papa
respondeu-lhe de uma forma muito pessoal: “Ela é a minha mãezinha, a única
pessoa com a qual posso chorar!” – A sua relação com a Virgem Santíssima é
muito profunda e pessoal, essa é uma característica que nós em Schoenstatt
entendemos muito bem.” Com este comentário resumiu o Padre Alexandre a sua
entrevista.
Cultura de aliança e cultura do
encontro
Existe por acaso uma relação entre o que
Schoenstatt chama de “cultura de aliança” e o que para o Santo Padre significa
“cultura do encontro?”, foi uma das perguntas que se formulou durante o
encontro na Casa dos Peregrinos. O Padre Alexandre descobriu junto da
espiritualidade mariana do Papa e de Schoenstatt, dois outros momentos, que
parecem relacionar a “cultura de aliança” com a “cultura do encontro”. Por um
lado, ambas estão caracterizadas pela missão, pelo apostolado: “saiam à rua,
aproximem-se das pessoas e levem-nas a Cristo”. Este pedido do Santo Padre move
também o Movimento de Schoenstatt e concretiza-se, por exemplo, nas missões e
na Campanha da Mãe Peregrina. O segundo que para o Papa é importante, é que a
relação com Deus se estenda a uma relação com as pessoas, a uma relação de
coração a coração. Isto também é o anseio da aliança de amor de Schoenstatt
entre Deus e a Virgem Santíssima, que se converta numa aliança de amor com as
pessoas, rumo a uma aliança solidária.
O Padre Alexandre finalizou o bem sucedido encontro
frente a um público muito atento e internacional com uma simples frase: “Na
verdade não me senti muito bem no papamóvel durante a JMJ, mas ao receber
tantos SMS com a mensagem: ‘Sinto-me representado perante o Papa através de
si!’, então percebi, está tudo bem, se deste modo posso representar toda a família
de Schoenstatt perante o Papa”.
Fonte: www.schoenstatt.de
Original:
Alemão - Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário