Audiência do Papa no primeiro aniversário da chegada a Portugal foi dedicada à permanência da religiosidade e da oração na história humana
«Homem digital» é igual ao das «cavernas» na procura da experiência religiosa
Cidade do Vaticano, 11 mai 2011 (Ecclesia) – A oração e o sentido do religioso constituíram os temas da catequese que o Papa proferiu esta manhã no Vaticano, no dia em que se assinala o primeiro aniversário da sua chegada a Portugal. “O homem ‘digital’, como o das cavernas, procura na experiência religiosa o caminho para superar a sua finitude e para assegurar a sua precária aventura terrena”, afirmou Bento XVI na audiência geral desta quarta-feira, realizada na Praça de São Pedro. Ao mesmo tempo que são “evidentes" os indícios do "secularismo”, com Deus a tornar-se “uma realidade sobre a qual se permanece indiferente”, surgem “muitos sinais” que indiciam o despertar “do sentido religioso”, disse Bento XVI. Para o Papa, esta “redescoberta” traduz-se na “exigência da espiritualidade”, superando "uma visão puramente horizontal e material da vida humana”, depois de no século XX as duas “trágicas guerras mundiais” terem colocado em causa a convicção de que o progresso poderia ser obtido pela “razão autónoma” e por uma existência “sem Deus”. Depois de sublinhar que “não houve qualquer grande civilização, dos tempos mais remotos até aos nossos dias, que não tenha sido religiosa”, Bento XVI afirmou que o ser humano, por muito que “se iluda” da sua autosuficiência, faz a “experiência de não se bastar a si próprio”. A pessoa humana, prosseguiu o Papa, “tem necessidade de abrir-se” a algo ou alguém que “possa dar-lhe aquilo que lhe falta”, pelo que “deve sair de si próprio para Aquele que esteja em condições de preencher a amplitude e profundidade do seu desejo”. “A oração não está ligada a um contexto particular mas inscrita no coração de cada pessoa e cada civilização”, frisou Bento XVI, vincando que ela tem o seu centro “no mais profundo da pessoa”. A experiência da oração é para todos um desafio, uma ‘graça’ a pedir”, afirmou o Papa, assinalando que é neste contexto que se compreender a expressão “rezar é difícil”. Na alocução em língua portuguesa, Bento XVI saudou os peregrinos, particularmente os “fiéis brasileiros vindos das paróquias em Goiânia e Teresópolis”, e os “grupos da Família Franciscana e de Schoenstatt. “Aprendei a reconhecer no vosso íntimo a voz de Deus que, na oração, chama à profundidade da vossa existência, à fonte da vida e da salvação”, convidou o Papa. Hoje assinala-se o primeiro aniversário do início da viagem de Bento XVI a Portugal, que entre 11 e 14 de maio visitou Lisboa, Fátima e Porto. A intervenção de Bento XVI enquadrou-se no novo ciclo de catequeses semanais inaugurado a 4 de Maio, que segundo o Papa pretende abordar "a realidade da oração na Sagrada Escritura, nos Padres da Igreja, nos mestres de espiritualidade e liturgia". RM - Agência Ecclesia |
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