Imagem do Campo de Concentração de Dachau
Em Março de 1942, precisamente no dia 11, o Padre Kentenich é levado para o campo de Concentração de Dachau. A viagem (que para muitos dos prisioneiros, não tinha regresso), inicia-se em Coblença.
A viagem começa no dia 11 de Março de 1942, na estação de Coblença. Juntamente com outros prisioneiros, o Padre Kentenich espera a sua vez de subir para o comboio que o levaria até Dachau. As carruagens que compunham o comboio, eram vagões de transporte de gado e não carruagens próprias para transportar pessoas.
Segundo um dos livros que consultámos, assistiram ao embarque e à partida do comboio, duas Irmãs de Maria que com o seu vestidos azuis, punham uma nota de humanidade e delicadeza neste cenário desumano.
Noutro livro, diz que assistiram à partida, uma Irmã de Maria, a Irmã Edelgart, que viu o Pai e Fundador entrar para o comboio e ainda o Padre João Tick.
Na viagem de comboio, o Padre Kentenich teve como companheiros mais chegados, o Dr. Carls, Director da Cáritas e um comunista que cheio de angústia, não se afastava dele.
Em Wiesbaden (outra cidade alemã), tiveram que mudar de comboio e foram algemados. Durante a viagem, não receberam nada para comer nem para beber e foram sempre vigiados de perto por soldados das SS, que eram acompanhados por cães.
Após dois dias de penosa e dura viagem, chegaram a Dachau no dia treze de Março de 1942, por sinal uma sexta-feira.
A área do campo, abrangia um rectângulo de 144.000 metros quadrados (240 x 600). Estava todo cercado por um muro, iluminado à noite. Pela parte de dentro do muro, existia uma cerca de arame farpado electrificado e um fosso com água. Ao longo do muro, existiam oito torres de vigia, com três soldados em cada uma delas, armados de metralhadoras. Se alguém se aproximasse a oito metros do fosso, os guardas das vigias disparavam de imediato, sem aviso prévio. De 10 em 10 metros existiam placas com caveiras, bastava pisar estes terrenos para ser imediatamente fuzilado.
Ao longo da avenida central erguiam-se as barracas, 17 de cada lado. Duas funcionavam como enfermarias, uma como cantina e outra como oficina. As restantes serviam de residências aos prisioneiros. Em cada barraca que tinha 98 x 9 metros viviam 208 prisioneiros, divididos por 4 compartimentos, ou seja, 52 prisioneiros por cada compartimento.
Ao chegar ao campo de concentração, os prisioneiros viam inscrito na entrada “Arbeit macht frei”, ou seja, o trabalho liberta. As formalidades de entrada demoravam várias horas. Logo aí, os sacerdotes eram ridicularizados e alvos de zombarias, por parte dos soldados. Em seguida, passavam pela “secção política” onde eram fotografados e recebiam o seu número de prisioneiro. Ao Padre Kentenich calhou o número 29392.
Ao aperceber-se da grande tranquilidade e firmeza que demonstrava o Pai e Fundador, o chefe das SS resolve tentar quebrá-lo. Grita imenso com ele, diz-lhe palavras grosseiras e faz-lhe imensas perguntas. Em troca, recebe do Padre Kentenich um olhar tranquilo e um sorriso cordial. Enfurece-se ainda mais e faz menção de lhe bater, mas não chega a fazê-lo.
Dois dias mais tarde, voltam a encontrar-se e o chefe das SS reconhece-o de imediato e manda o Padre Kentenich limpar-lhe a bicicleta.
Responde o Padre Kentenich: "sim, vou fazê-lo, não por que deva fazê-lo, mas sim porque como homem livre, quero brindá-lo com esse serviço."
Responde o chefe: "não, não necessita fazer isso."
Em seguida, o Padre Kentenich pergunta-lhe porque no dia da chegada lhe tinha gritado tanto e a resposta não podia ser mais esclarecedora: "experimenta-se tudo, para infundir medo."
Após esta conversa, o chefe leva o Padre Kentenich para o seu gabinete e conta-lhe toda a sua vida.
Foram assim os dias iniciais da vida do Padre Kentenich em Dachau, onde viveria momentos terríveis, mas onde conseguiu manter sempre uma fé inabalável, manteve uma confiança sem limites na Mãe e na sua protecção divina e onde serviu sempre de apoio a todos os que necessitavam.
Fami e Paulo
Nota: Para a elaboração deste trabalho foram consultados os livros: "Um Profeta de Maria - Padre Esteban J. Uriburu" e "Movimento Apostólico de Schoenstatt - Introdução Histórica - 1º Volume de Padre Victor Trevisan."
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