Aveiro, 12 de Maio de
2013
Caminha Povo de Deus!
1.Sede bem-vindos,
amados diocesanos, a esta bela cidade de Aveiro, que, hoje, tem as cores da
alma das cento e uma paróquias da nossa Diocese.
A Sé, nossa igreja-mãe, o Convento de Jesus,
onde viveu e repousa a nossa Padroeira e a estátua de Santa Joana Princesa,
homenagem de Aveiro, envolvem e abençoam este espaço humano, que a Eucaristia
transforma em mesa divina. Aqui pulsa o coração, cristão, forte e irradiante,da
Igreja diocesana,a viver em Missão Jubilar.
Em 12 de Maio de 2008,
anunciei a decisão de convocar uma Missão Jubilar, por ocasião da celebração
dos setenta e cinco anos da restauração da Diocese. Esse primeiro anúncio,
dirigido a vós, irmãos sacerdotes, convidava-nos a sermos mensageiros felizes das
bem-aventuranças, a vivermos como discípulos de Jesus, a abrirmos as portas da
Igreja para caminhos novos de diálogo com o mundo e a ampliarmos o anúncio do
evangelho a novas periferias de missão.
Soubemos preparar
juntos a Missão. Queremos viver juntos em Missão. Hoje peregrinamos juntos ao
túmulo de Santa Joana, evocando a sua morte, a 12 de Maio de 1490. Juntos, estamos
a construir uma Igreja de rosto belo e de alma missionária em Aveiro.
Não somos sonhadores
passivos num mundo em mudança. Somos cristãos conscientes a viver a beleza da
fé, em Ano da Fé, e nesta primavera da Igreja, que as palavras simples e os
gestos proféticos do Papa Francisco diariamente nos trazem.
2. Sede bem-vindos a
Aveiro, amados diocesanos, em domingo da Ascensão do Senhore em Dia mundial das
Comunicações Sociais. Saúdo quantos estão em comunhão connosco, nesta
Eucaristia, através do canal de televisão da diocese.
Na oração inicial desta
celebração rezámos assim: “Deus
omnipotente, fazei-nos exultar de alegria e em filial acção de graças, porque a
ascensão de Cristo, vosso Filho, é a nossa esperança (Colecta da Missa da
Ascensão).
Este foi igualmente o pedido
de bênção de S. Paulo a favor dos cristãos de Éfeso: “O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo vos conceda um espírito de
sabedoria para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração,
para compreenderdes a esperança a que fostes chamados” ( Ef 1, 17-23).
S. Lucas, por seu lado,
põe na boca de Jesus uma preciosa recomendação, dada aos seus discípulos: “Sede minhas testemunhas em Jerusalém e em
todos os lugares da Terra” ( Act, 1, 1-11).
3. Somosdiscípulos e
testemunhas de Jesus Cristo. Esta certeza,de que nos fala a liturgia, é âncora agarrada
ao Céu e à qual nos ligamos para caminhar na Terra.
Não somos super-heróis
nem lutadores solitários. Somos Igreja peregrina. Igreja conciliar. Que não
esquece o seu caminho próprio, a sua história específica, o seu percurso
sinodal!Caminhamos com a audácia dos discípulos de Jesus. Sabemos que a nossa
casa é o mundo, a nossa arma é o amor e o nosso tempo é agora.
Anunciar Jesus Cristo
no contexto próprio do nosso tempo exige de nós liberdade e coragem para olhar
horizontes maiores de missão, lançaras redes em águas mais profundas e gastar a
vida ao serviço do evangelho. Animemo-nos uns aos outros a seguir Cristo de
perto, colocando carismas e dons ao serviço da Igreja e do Mundo.
São belas e oportunas as
palavras de Paulo VI: “Tenhamos sempre em
nós a doce alegria de evangelizar”. ( Ev. Nunt. 80).
Encontro diariamente em
vós mensageiros, missionários e coordenadores, catequistas, animadores juvenis
e vocacionais, escuteiros, professores de Educação Moral e Religiosa Católica e
tantos outros agentes de pastoral,a resposta generosa e feliz a este apelo de
Paulo VI. E somos todos nós,leigos, consagrados (as), diáconos, seminaristas, presbíteros
e bispos, chamados a confessar a fé, a caminhar e a edificar a Igreja.
“Vive esta hora, Igreja
de Aveiro!”, para que o mundo possa tocar de perto o
amor de Deus e daí irradieo anúncio feliz do evangelho.
4. A Peregrinação não
termina aqui. Reconduz-nos às nossas terras. O Senhor alimentou-nos nesta
Peregrinaçãocom a força da Palavra, com o Pão da Vida e com a alegria da
esperança, que nos animam e fortalecem. Daqui nos reenvia o mesmo Senhor, como
peças deste Barco,símbolo da missão, transformado em altar da Eucaristia, para
esta nova etapa da Missão Jubilare para este viver feliz como Igreja de Jesus Cristo em Aveiro.
O Senhor renovou em nós forças e esperanças.
Há muito caminho a percorrer. Não há cansaço, desalento, nem obstáculos que a
alegria vivida, a Palavra recebida e o Pão repartido não transformemdiariamente
pela acção do Espírito e pelas mãos da Missão Jubilar,em audácia missionária e em
vigor apostólico!
O Pão aqui multiplicado
é pão da festa e do caminho que só os peregrinos sabem saborear. É Pão do espírito
a aliviar o desgaste do corpo. É Pão repartido entre irmãos a gerar a comunhão
e a fortalecer a unidade.
5. A Peregrinação é
experiência de vida e património de história que se faz escola e herança para
os jovens e para as crianças de hoje.
Queridos jovens e
crianças:
Vós fostes os primeiros
a manifestar o desejo de peregrinar a Aveiro. Viestes ontem e hoje mais cedo
para sentir o encanto do tempo longo entre vós, da presençademorada junto do
túmulo da nossa Padroeira, de marchas e jogos de cidade, seguindo os passos de
Santa Joana, de momentos de oração partilhados, de testemunhos de vocação
recebidos, de festa vivida e prolongada pela vigília da noite.
Vós sois esperança
desta Igreja de Aveiro. Trazeis convosco o encanto da alegria, a beleza da fé e
o testemunho da verdade da vida! Seja estavossa experiência de crianças e
jovens cristãos, gérmen e fermento de vidas entregues por inteiro à causa do
Reino, no ministério presbiteral ou na vida consagrada.
Queridos jovens e
crianças:
É vossa e para vós a
Missão Jubilar. Projectai-a no futuro! Prolongai-a no tempo. Fazei-a frutificar
no coração do mundo!
Parti para a missão, firmados
na fé e enraizados em Cristo. Ele acompanha-vos no caminho até à meta que só
Ele conhece. Este caminho nunca se fará sem vós, sem a vossa disponibilidade e
generosidade para seguir Jesus. Assim fez Santa Joana.
6. Ao convocar esta
Peregrinação pensei muito nas famílias, naquelas que sentem a alegria da
felicidade e o aconchego abençoado da vida e do amor e naquelas que passam
momentos maiores de provação e de sofrimento.
Neste primeiro dia da
Semana da Vida, saúdo-vos queridas famílias da nossa Diocese. Vós sois berço
abençoado da vida e escola necessária da fé!
O olhar do meu coração
volta-se, agora, para os idosos, doentes, reclusos,para todos os que sofrem
provações e para quantos estão privados de liberdade, de trabalho e de
esperança. Pedi-vos, em mensagem dirigida à Diocese, para nos acompanhardes
nesta Peregrinação pela oração mesmo que seja distante, tímida ou discreta. Sei
que a pedagogia evangelizadora presente em todos os momentos e caminhos da
Missão Jubilar tem tornado a Igreja mais presente, mais materna, mais próxima e
mais solidária.
Não esqueço os que não partilham
a nossa fé e os que não crêem. Somos uma Comunidade humana que se respeita nas
diferenças ese valoriza nas diversidades. E sei que, mesmo para os que não têm
fé, Santa Joana é honra e tesouro de Aveiro, a unir e a congregar as suas
gentes.
Decidiu a Câmara
Municipal de Aveiro atribuir a medalha de ouro da cidade à Diocese de Aveiro.
Recebi ontem essa distinção das mãos do senhor Presidente da Câmara e do senhor
Presidente da Assembleia Municipal, a quem saúdo, assim como todas as
autoridades aqui presentes. Quero partilhar essa honra, que não me pertence nem
por direito nem por mérito, com D. António Marcelino, meu predecessor, e com D.
António dos Santos, que foi membro do nosso presbitério e bispo auxiliar, aqui
presentes, e com todos vós, que sois a alma viva e o rosto belo da Igreja de
Aveiro.
7. O mundo em que
vivemos, precisa de modelos para ser feliz. A Igreja que somos necessita de exemplos
de vida para nos tornarmos rosto de Cristo. Neste Dia de Peregrinação, juntos e
em festa assumimos Santa Joana, nossa Padroeira, como modelo de discipulado de
Jesus Cristo.
O seu testemunho de
amor a Deus e de serviço na verdade da caridade deve moldar o nosso coração.
Com Santa Joana aprendemos este amor único por Aveiro que nos faz trabalhar com
alegria, abraçando sonhos e projectos da nossa Terra.
Queremos assumir as
dores de um povo magoado pelas injustiças sociais, ferido pela pobreza e
ameaçado pelo desemprego crescente,mas que não desiste perante o futuro nem perde
a esperança diante das dificuldades.
Viemos ao encontro da nossa
Padroeira, para aqui fazermos descansar o nosso coração, como tantos outros
peregrinos que, neste mês de Maio, também percorrem os caminhos de Portugal
rumo ao Santuário da Mãe de Jesus e nossa Mãe, em Fátima.
Voltamos renovados para
nossas casas. Alguns de vós vieram em peregrinação pela primeira vez.Um povo
peregrino é um povo de pé. Um povo peregrino é um povo que caminha e edifica a
Igreja. Sabemos todos que não há problemas sem caminhos. Peregrinar é caminhar com
alegria e coragem na presença do Senhor. Assim «a Igreja vai para diante», diz-nos o Papa Francisco.
É de todos vós e por
toda a Diocese esta minha oração:
Santa
Joana olha esta tua cidade e diocese. Princesa e Padroeira, renova a nossa
esperança na vida e a nossa confiança em Deus.
Olha
este povo peregrino, fortalecido pelo dinamismo da Missão, pelo silêncio do
coração, pela alegria da fé e pela festa da vida, que aqui vivemos junto de Ti.
Que
o teu olhar sereno, feito de ternura e de protecção, nos aumente o desejo de
vivermos juntos como irmãos, nos fortaleça a esperançacristã diante do futuro e
nos ajude a construir a Igreja de Jesus Cristo, em Aveiro.
Olha
estes peregrinos que caminharam até junto de Ti. Acompanha-os. Protege-os. Abençoa-os.
António
Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro
As fotografias foram retiradas do Facebook do Sr. Padre Júlio Grangeia.
Fami e Paulo
Fami e Paulo
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