quarta-feira, 15 de maio de 2013

Homilia do Senhor Bispo de Aveiro no dia da Peregrinação a Santa Joana

Aveiro, 12 de Maio de 2013


Caminha Povo de Deus!

1.Sede bem-vindos, amados diocesanos, a esta bela cidade de Aveiro, que, hoje, tem as cores da alma das cento e uma paróquias da nossa Diocese.
 A Sé, nossa igreja-mãe, o Convento de Jesus, onde viveu e repousa a nossa Padroeira e a estátua de Santa Joana Princesa, homenagem de Aveiro, envolvem e abençoam este espaço humano, que a Eucaristia transforma em mesa divina. Aqui pulsa o coração, cristão, forte e irradiante,da Igreja diocesana,a viver em Missão Jubilar.
Em 12 de Maio de 2008, anunciei a decisão de convocar uma Missão Jubilar, por ocasião da celebração dos setenta e cinco anos da restauração da Diocese. Esse primeiro anúncio, dirigido a vós, irmãos sacerdotes, convidava-nos a sermos mensageiros felizes das bem-aventuranças, a vivermos como discípulos de Jesus, a abrirmos as portas da Igreja para caminhos novos de diálogo com o mundo e a ampliarmos o anúncio do evangelho a novas periferias de missão.
Soubemos preparar juntos a Missão. Queremos viver juntos em Missão. Hoje peregrinamos juntos ao túmulo de Santa Joana, evocando a sua morte, a 12 de Maio de 1490. Juntos, estamos a construir uma Igreja de rosto belo e de alma missionária em Aveiro.
Não somos sonhadores passivos num mundo em mudança. Somos cristãos conscientes a viver a beleza da fé, em Ano da Fé, e nesta primavera da Igreja, que as palavras simples e os gestos proféticos do Papa Francisco diariamente nos trazem.


2. Sede bem-vindos a Aveiro, amados diocesanos, em domingo da Ascensão do Senhore em Dia mundial das Comunicações Sociais. Saúdo quantos estão em comunhão connosco, nesta Eucaristia, através do canal de televisão da diocese.
Na oração inicial desta celebração rezámos assim: “Deus omnipotente, fazei-nos exultar de alegria e em filial acção de graças, porque a ascensão de Cristo, vosso Filho, é a nossa esperança (Colecta da Missa da Ascensão).
Este foi igualmente o pedido de bênção de S. Paulo a favor dos cristãos de Éfeso: “O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo vos conceda um espírito de sabedoria para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados” ( Ef 1, 17-23).
S. Lucas, por seu lado, põe na boca de Jesus uma preciosa recomendação, dada aos seus discípulos: “Sede minhas testemunhas em Jerusalém e em todos os lugares da Terra” ( Act, 1, 1-11).
3. Somosdiscípulos e testemunhas de Jesus Cristo. Esta certeza,de que nos fala a liturgia, é âncora agarrada ao Céu e à qual nos ligamos para caminhar na Terra.
Não somos super-heróis nem lutadores solitários. Somos Igreja peregrina. Igreja conciliar. Que não esquece o seu caminho próprio, a sua história específica, o seu percurso sinodal!Caminhamos com a audácia dos discípulos de Jesus. Sabemos que a nossa casa é o mundo, a nossa arma é o amor e o nosso tempo é agora.
Anunciar Jesus Cristo no contexto próprio do nosso tempo exige de nós liberdade e coragem para olhar horizontes maiores de missão, lançaras redes em águas mais profundas e gastar a vida ao serviço do evangelho. Animemo-nos uns aos outros a seguir Cristo de perto, colocando carismas e dons ao serviço da Igreja e do Mundo.
São belas e oportunas as palavras de Paulo VI: “Tenhamos sempre em nós a doce alegria de evangelizar”. ( Ev. Nunt. 80).

Encontro diariamente em vós mensageiros, missionários e coordenadores, catequistas, animadores juvenis e vocacionais, escuteiros, professores de Educação Moral e Religiosa Católica e tantos outros agentes de pastoral,a resposta generosa e feliz a este apelo de Paulo VI. E somos todos nós,leigos, consagrados (as), diáconos, seminaristas, presbíteros e bispos, chamados a confessar a fé, a caminhar e a edificar a Igreja.
“Vive esta hora, Igreja de Aveiro!”, para que o mundo possa tocar de perto o amor de Deus e daí irradieo anúncio feliz do evangelho.
4. A Peregrinação não termina aqui. Reconduz-nos às nossas terras. O Senhor alimentou-nos nesta Peregrinaçãocom a força da Palavra, com o Pão da Vida e com a alegria da esperança, que nos animam e fortalecem. Daqui nos reenvia o mesmo Senhor, como peças deste Barco,símbolo da missão, transformado em altar da Eucaristia, para esta nova etapa da Missão Jubilare para este viver feliz como Igreja de Jesus Cristo em Aveiro.
 O Senhor renovou em nós forças e esperanças. Há muito caminho a percorrer. Não há cansaço, desalento, nem obstáculos que a alegria vivida, a Palavra recebida e o Pão repartido não transformemdiariamente pela acção do Espírito e pelas mãos da Missão Jubilar,em audácia missionária e em vigor apostólico!
O Pão aqui multiplicado é pão da festa e do caminho que só os peregrinos sabem saborear. É Pão do espírito a aliviar o desgaste do corpo. É Pão repartido entre irmãos a gerar a comunhão e a fortalecer a unidade.
5. A Peregrinação é experiência de vida e património de história que se faz escola e herança para os jovens e para as crianças de hoje.
Queridos jovens e crianças:
Vós fostes os primeiros a manifestar o desejo de peregrinar a Aveiro. Viestes ontem e hoje mais cedo para sentir o encanto do tempo longo entre vós, da presençademorada junto do túmulo da nossa Padroeira, de marchas e jogos de cidade, seguindo os passos de Santa Joana, de momentos de oração partilhados, de testemunhos de vocação recebidos, de festa vivida e prolongada pela vigília da noite.
Vós sois esperança desta Igreja de Aveiro. Trazeis convosco o encanto da alegria, a beleza da fé e o testemunho da verdade da vida! Seja estavossa experiência de crianças e jovens cristãos, gérmen e fermento de vidas entregues por inteiro à causa do Reino, no ministério presbiteral ou na vida consagrada.
Queridos jovens e crianças:
É vossa e para vós a Missão Jubilar. Projectai-a no futuro! Prolongai-a no tempo. Fazei-a frutificar no coração do mundo!
Parti para a missão, firmados na fé e enraizados em Cristo. Ele acompanha-vos no caminho até à meta que só Ele conhece. Este caminho nunca se fará sem vós, sem a vossa disponibilidade e generosidade para seguir Jesus. Assim fez Santa Joana.
6. Ao convocar esta Peregrinação pensei muito nas famílias, naquelas que sentem a alegria da felicidade e o aconchego abençoado da vida e do amor e naquelas que passam momentos maiores de provação e de sofrimento.
Neste primeiro dia da Semana da Vida, saúdo-vos queridas famílias da nossa Diocese. Vós sois berço abençoado da vida e escola necessária da fé!
O olhar do meu coração volta-se, agora, para os idosos, doentes, reclusos,para todos os que sofrem provações e para quantos estão privados de liberdade, de trabalho e de esperança. Pedi-vos, em mensagem dirigida à Diocese, para nos acompanhardes nesta Peregrinação pela oração mesmo que seja distante, tímida ou discreta. Sei que a pedagogia evangelizadora presente em todos os momentos e caminhos da Missão Jubilar tem tornado a Igreja mais presente, mais materna, mais próxima e mais solidária.
Não esqueço os que não partilham a nossa fé e os que não crêem. Somos uma Comunidade humana que se respeita nas diferenças ese valoriza nas diversidades. E sei que, mesmo para os que não têm fé, Santa Joana é honra e tesouro de Aveiro, a unir e a congregar as suas gentes.
Decidiu a Câmara Municipal de Aveiro atribuir a medalha de ouro da cidade à Diocese de Aveiro. Recebi ontem essa distinção das mãos do senhor Presidente da Câmara e do senhor Presidente da Assembleia Municipal, a quem saúdo, assim como todas as autoridades aqui presentes. Quero partilhar essa honra, que não me pertence nem por direito nem por mérito, com D. António Marcelino, meu predecessor, e com D. António dos Santos, que foi membro do nosso presbitério e bispo auxiliar, aqui presentes, e com todos vós, que sois a alma viva e o rosto belo da Igreja de Aveiro.
7. O mundo em que vivemos, precisa de modelos para ser feliz. A Igreja que somos necessita de exemplos de vida para nos tornarmos rosto de Cristo. Neste Dia de Peregrinação, juntos e em festa assumimos Santa Joana, nossa Padroeira, como modelo de discipulado de Jesus Cristo.
O seu testemunho de amor a Deus e de serviço na verdade da caridade deve moldar o nosso coração. Com Santa Joana aprendemos este amor único por Aveiro que nos faz trabalhar com alegria, abraçando sonhos e projectos da nossa Terra.
Queremos assumir as dores de um povo magoado pelas injustiças sociais, ferido pela pobreza e ameaçado pelo desemprego crescente,mas que não desiste perante o futuro nem perde a esperança diante das dificuldades.
Viemos ao encontro da nossa Padroeira, para aqui fazermos descansar o nosso coração, como tantos outros peregrinos que, neste mês de Maio, também percorrem os caminhos de Portugal rumo ao Santuário da Mãe de Jesus e nossa Mãe, em Fátima.
Voltamos renovados para nossas casas. Alguns de vós vieram em peregrinação pela primeira vez.Um povo peregrino é um povo de pé. Um povo peregrino é um povo que caminha e edifica a Igreja. Sabemos todos que não há problemas sem caminhos. Peregrinar é caminhar com alegria e coragem na presença do Senhor. Assim «a Igreja vai para diante», diz-nos o Papa Francisco.
É de todos vós e por toda a Diocese esta minha oração:
Santa Joana olha esta tua cidade e diocese. Princesa e Padroeira, renova a nossa esperança na vida e a nossa confiança em Deus.
Olha este povo peregrino, fortalecido pelo dinamismo da Missão, pelo silêncio do coração, pela alegria da fé e pela festa da vida, que aqui vivemos junto de Ti.
Que o teu olhar sereno, feito de ternura e de protecção, nos aumente o desejo de vivermos juntos como irmãos, nos fortaleça a esperançacristã diante do futuro e nos ajude a construir a Igreja de Jesus Cristo, em Aveiro.
Olha estes peregrinos que caminharam até junto de Ti. Acompanha-os. Protege-os. Abençoa-os.
Não nos soltes da tua mão. Não nos desprendas do teu coração. Ámen.

António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro


As fotografias foram retiradas do Facebook do Sr. Padre Júlio Grangeia.

Fami e Paulo


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