domingo, 5 de dezembro de 2010

O Padre Kentenich na minha vida - VIII

Teresa Paccetti

"Em Setembro de 1965 o Padre Kentenich, Fundador do Movimento de Schönstatt, regressa a Roma, pela mão de Nossa Senhora, do seu exílio de 14 anos, em Milwaukee, nos Estados Unidos.
Uma vez ultrapassadas sucessivas dificuldades, incompreensíveis aos olhos humanos, mas permitidas por Deus para sua glória e enfrentadas pelo próprio Kentenich com toda a sua serenidade habitual, na medida em que confiava totalmente em Nossa Senhora, chega a Schönstatt na noite de Natal desse ano de 1965.
A Família de Schönstatt experimenta mais uma vez como o poder divino acaba sempre por vencer o poder das trevas.
Durante os 14 anos de exílio do Fundador, ao contrário do que humanamente se poderia esperar, o Movimento de Schönstatt cresceu, multiplicou-se e difundiu-se por todo mundo, provando-se assim como é realmente uma Obra de Deus e não apenas uma ideia e construção humana.
Portugal foi um dos países onde o Movimento de Schönstatt chegou e frutificou durante esse período de exílio do Fundador.
Eu fui uma das jovens privilegiadas que, aos 14 anos de idade, em 1962, conheceu o Movimento, que estava a despontar em Lisboa. Fui uma das fundadoras de Schönstatt em Portugal.
A Paula e eu fomos a Schönstatt, no verão de 1967. Foi então que aconteceu o nosso encontro com o Padre Kentenich. Já tínhamos ouvido falar muito do Padre Kentenich.
Da sua pessoa, da sua vida, dos seus ideais, e muito especialmente do seu amor a Maria e da relação paternal que tinha com cada pessoa.
Um grande desejo foi então crescendo em nós: conhecê-lo pessoalmente, ouvir a sua voz, sentir a sua presença paternal.
Nossa Senhora satisfez-nos esse desejo no dia 2 de Setembro de 1967, ou seja, precisamente dois anos após o seu regresso do exílio e um ano antes da sua morte.
O Padre Kentenich costumava celebrar Missa todos os dias às seis da manhã, num dos Santuários de Schönstatt.
Nesse dia 2 de Setembro veio celebrar ao Santuário das Senhoras, junto à Haus Regina, onde nós estávamos hospedadas. Madrugámos para poder participar na Missa. Mas valeu a pena! Tanto mais que, depois da Missa pudemos conversar com ele.

 

E o que ficou gravado foi especialmente a sua atitude; mais do que as palavras, tanto mais que eram em alemão e os nossos conhecimentos de alemão eram bastante curtos.
Primeiro, a minha atenção estava toda centrada no seu rosto, no seu olhar. Queria captar ao vivo tudo aquilo que já ouvira falar dele. Tudo o que ele era e tudo o que tinha vivido.
O que mais me impressionou foi, sem dúvida, a transparência, a serenidade e a alegria profunda do olhar.
Toda a sua atitude, toda a sua postura reflectiam a simplicidade e a confiança de uma criança.
Ao mesmo tempo, transparecia uma grande maturidade, uma enorme segurança.
E quando nós pensávamos como tinha sido dura a sua vida e víamos aquele olhar tão límpido, tão sereno, era impossível não nos emocionar.
Depois, foi a sua atenção pessoal e a sua atitude paternal para com cada uma de nós.
Naquele encontro a Paula e eu oferecemos ao Padre Kentenich uma vela alta e gorda, com o desenho das caravelas portuguesas gravado.


Então, ele pediu para a acendermos, mas só à terceira tentativa é que conseguimos acendê-la.
Então, o Padre Kentenich disse, sorrindo: “Sem dúvida é difícil fundar o Movimento em Portugal”.
Por fim, devolveu-nos a vela e disse: “Acendei-a em Portugal, pela fidelidade dos que estão e dos que hão-de vir”. "

Teresa Paccetti

(Este bonito e significativo testemunho foi apresentado, no dia 18 de Setembro de 2010, no Encontro dos Amigos do Padre Kentenich e da Irmã Emilie realizado no Santuário de Aveiro).

1 comentário:

Maria Antonieta Barona disse...

Já oonhecia este encontro! Mas a descrição do Pai Fundador feita por si é muito emocionante. Vi as fotografias que publicou e conhecço a Paula Roncom, a Maria Teresa e a outra senhora de Schoenstatt que estava em Portugal mas agora não me ocorre o nome.
Obrigada pelo seu lindo testemunho.
Maria Antonieta

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...