quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

20 de Janeiro de 1942 - 2º Marco Histórico de Schoenstatt - 1ª parte



Entrada do Campo de Concentração de Dachau com a tristemente célebre frase "O trabalho liberta"

O dia 20 de Janeiro é um dia muito importante para todo o Movimento de Schoenstatt, pois neste dia, no ano de 1942, o nosso Pai e Fundador, decidiu por sua livre vontade, baseado na certeza que estava a interpretar a vontade de Deus, ir para o Campo de Concentração de Dachau, que significava para a maioria daqueles que para lá eram enviados, um passaporte para a morte.
Mas voltemos um pouco atrás e vejamos como se chegou a esta situação.
Em 1933, o Partido Nacional Socialista toma o poder na Alemanha. Adolf Hitler com um discurso inflamado em que apelava entre outras coisas, à superioridade do povo alemão, da raça ariana, ao desprezo por outras raças humanas e aproveitando-se dos sentimentos de frustração ainda vividos com o resultado desastroso da Primeira Grande Guerra, para a Alemanha, torna-se chanceler do Governo, iniciando assim uma das épocas mais trágicas para a Europa e depois para todo o Mundo.
O regime nazi através da Gestapo, a sua polícia política, começou a ter uma especial atenção sobre o Padre Kentenich em particular e sobre o Movimento de Schoenstatt em geral, pois eram consideradas vozes incómodas para o regime. Com efeito, o Pai e Fundador, com a sua visão profética, começou a alertar para os perigos que advinham do regime que então dominava na Alemanha.
No dia 14 de Setembro de 1941, o Padre Kentenich estava para iniciar um retiro para cerca de 100 sacerdotes, vindos de vários pontos da Alemanha. Durante a tarde desse mesmo dia, dois funcionários da Gestapo aparecem em Schoenstatt e pedem para falar com ele. Vêm comunicar-lhe que no dia seguinte se deve apresentar em Coblença, para ser interrogado.
O Padre Kentenich informa-os que estava a iniciar um retiro para sacerdotes e que a sua ausência repentina iria ser rapidamente conhecida e difundida por todo o país. Assim, consegue adiar o interrogatório para dia 20 de Setembro (sábado), logo pela manhã.
O retiro corre muito bem, ninguém se apercebeu do perigo que pairava sobre o Padre Kentenich, deixando este no entanto, algumas pistas na sua conferência final do retiro, onde disse:

-“Vou cantar agora o meu canto do cisne, o último canto que entoo em louvor a Maria… e todo o louvor a Maria é, ao mesmo tempo, um louvor a Deus e a Cristo”.

No dia marcado para o interrogatório, 20 de Setembro, após celebrar a Missa no Santuário, o Padre Kentenich dirigiu-se para Coblença, sozinho, vestido com a batina mais velha que tinha e calçando um par de sapatos velhos.
À hora marcada, 8 da manhã, estava a abrir a porta da sede da Gestapo em Coblença. Não foi logo atendido, pois somente após várias horas de espera foi interrogado, sendo então acusado de falar conta o Estado e o nacional socialismo, sendo-lhe ditas algumas frases retiradas das suas conferências, que alegadamente procuravam prejudicar o Estado alemão.
Após este simulacro de interrogatório, foi comunicado ao Padre Kentenich que ficava detido. Foi então encerrado numa cela solitária da cave do edifício, que era antes um banco e cujos cofres eram agora as celas.
Neste buraco escuro, passou o Padre Kentenich quatro semanas, sendo retirado daqui em 18 de Outubro e levado para uma outra prisão, que em tempos tinha sido um antigo convento carmelita.
Durante este tempo que passou nesta prisão, o Padre Kentenich conseguiu, graças à colaboração de dois carcereiros, trocar correspondência com a Família de Schoenstatt, podendo assim dar e receber notícias e acima de tudo, manter a espiritualidade da Família num nível bem elevado.
No dia 13 de Janeiro de 1942, a Gestapo submete o Padre Kentenich a novo interrogatório e não sendo as respostas aquelas que pretendiam, ameaçam-no, com a ida para o campo de concentração.
No dia 16 de Janeiro, é submetido a uma consulta médica, onde após um exame superficial é dado como apto, apesar de ter problemas cardíacos e respiratórios.
Essa decisão chega a Schoenstatt e provoca grande alarme. Imediatamente se começam a mover influências para tentar evitar a ida do Pai e Fundador para Dachau. Após vários esforços, conseguem que o médico concorde em alterar o parecer anterior, desde que o Padre Kentenich o solicitasse por escrito.

(Continua)
 
Fami e Paulo

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