JFS: Ir. Stellamaris, quais são
suas lembranças dos encontros que teve com o Pe. José
Kentenich?
O meu primeiro encontro com o Pai Fundador foi no dia 7 de
abril de 1948, quando ele veio para a inauguração do Santuário em Santa Maria. Nós éramos postulantes e íamos receber o vestido no dia 9 de abril.
Eu não recebi o vestido durante a visita do Pai Fundador porque numa consulta médica
constatou-se uma infecção na apendicite. Foi muito difícil saber que teria que
voltar para casa para me tratar. Chamamos um táxi, eu chorava junto à
mestra das postulantes. Como era difícil ir, sabendo que o
Pai estava ali! Mas, ele disse-me: “A senhora vai, vai cuidar bem
disso e logo estará aqui de volta”. Na hora em que eu entrei no táxi para
ir embora, o Pai, que estava hospedado no quarto ao lado da portaria, estava na
janela e ficou “abanando” para mim, e eu chorava. Foi triste, mas marcou-me
profundamente!
Nós tivemos a vestição em setembro (de 1948), e em
janeiro de 1949, o Pai Fundador teve um congresso em Santa Maria. Aconteceu justamente no
período da consagração do meu curso. O Pai Fundador estava presente e celebrou a missa. Em seguida tomou todas as refeições connosco. Imaginem a nossa alegria! Durante o
café, o Pai Fundador interessou-se por saber um pouco mais sobre cada uma de nós, de onde
éramos e qual a origem das nossas famílias.
As nossas famílias eram: três
italianas, uma indiana, uma japonesa, uma portuguesa e quatro brasileiras.
Pegando num botão de rosa, de um arranjo que estava na mesa, O Pai Fundador foi despetalando
e tirando as folhas. Profeticamente disse para cada uma, entregando uma pétala e
uma folha: “Vais levar Schoenstatt para a Itália” para as italianas,
“Vais levar Schoenstatt para a Índia” para a indiana, “Vais levar
Schoenstatt para o Japão” para a japonesa, “Vais levar Schoenstatt para
Portugal”, para a portuguesa e para as brasileiras deixou a tarefa de
“Levar Schoenstatt para todo o Brasil”.
E nós perguntávamo-nos: será que vão as palavras do pai e Fundador serão mesmo profeticas? A Irmã japonesa não foi para o Japão, assim como a
da Índia, mas Schoenstatt chegou lá, a Mãe está lá através da Peregrina e dos Santuários. A profecia cumpriu-se. E eu fui para a Itália,
como o Pai Fundador tinha dito. Estive lá aproximadamente três anos, mas só
muito tempo depois, já em 1994. Como o Pai Fundador era profeta! No Brasil e no mundo,
milhares de famílias recebem a Mãe. Schoenstatt está por todo o mundo.
Eu estava com uma infecção no olho e o Pai Fundador soube do problema. Brincando disse que deveria tirar o olho todo para curar a infecção e rindo bateu palmas. Para bater palmas ele fez assim (a Irmã faz um movimento com as mãos fechadas, batendo as pontas dos polegares uma na outra). Meses depois, numa outra visita, ele mesmo lembrou-se de me perguntar como estavam os meus olhos. Confesso que eu mesma já tinha esquecido esse acontecimento. Aquilo impressionou-me muito, pois eu pensei: “como é que o Pai, que anda por tantos países e lugares, se preocupa com cada um?” A gente vê que o Pai Fundador se preocupava com todas as pessoas que se empenhavam na missão com ele, não só com as Irmãs. Hoje também, quando selamos uma Aliança com a Mãe de Deus, também selamos com o Pai. Ele nunca nos abandona.
Em 1950, quando o Pai Fundador estava novamente no Sul, eu
voltei a ter uma infecção no olho. O Pai estava a pregar um retiro para os
Irmãos Maristas e as Irmãs já não sabiam o que fazer para curar o meu olho.
Então, mandaram perguntar ao Pai o que poderiam fazer. Ele respondeu: “Tratem
dela como se fosse eu que estivesse com o problema”. Elas pensaram o que fariam se
o Pai estivesse assim e a solução seria levá-lo a um especialista. Então, na
mesma noite fomos para Porto Alegre procurar um especialista. Vocês devem
imaginar a dificuldade da viagem. Naquela época não tinha tantos transportes
fáceis.
O Pai voltou para o Santuário e eu já não estava
lá, mas o meu curso ía receber o medalhão. As Irmãs pediram
que o Pai os entregasse. Então, ele perguntou: “Vamos fazer agora ou
vamos esperar pela Ir. Stellamaris? Não é melhor esperar? Ela é tão singela!”
Elas preferiram fazer a entrega, mas ele entregou o meu para que me dessem
depois. É este aqui (mostra o medalhão).
JFS: A senhora vivenciou o momento
em que o Pai foi exilado. Como foi esse período para o Movimento de Schoenstatt
no Brasil?
Esse tempo não dá para descrever,
porque foi muito, muito difícil. Tudo o que nós fazíamos para libertar o Pai! Uma coisa impressionante!
Nada era em vão! Tudo era para a libertação do Pai Fundador. Nós fizemos, com uma
cartolina, um mapa mundial, com a América do Norte, Roma e a Alemanha
(Schoenstatt) e um aviãozinho. Então, cada sacrifício era para o aviãozinho ir da
América do Norte para Roma e depois para Schoenstatt. Só que nós não podíamos
imaginar que seria esse o caminho que ele faria, apenas pensamos nesse trajeto.
Imaginem só!!!
Mas foi muito triste também ver o Santuário sem
Santíssimo. (Durante o exílio do Pai, por alguns anos, os Santuário de
Londrina/PR e Santa Maria foram proibidos de ter a Santa Eucaristia no
tabernáculo). Nós estávamos no jantar, em Santa Maria, quando a Irmã passou pela
janela com o sininho e nós sabíamos que era o Santíssimo deixando o Santuário.
Ninguém mais queria comer. Foi muito triste, uma dor muito grande.
JFS: Irmã, depois de compartilhar
tantas vivências, qual mensagem que gostaria de deixar para a Jufem
Brasil?
A mensagem seria a que o Pai sempre tinha para as
jovens: “Faça-se a Pequena Maria!”.
Fonte: http://www.maeperegrina.com.br/
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