Mensagem do Senhor D. António Francico, Bispo de Aveiro à Diocese de Aveiro
Neste tempo
habitualmente destinado ao descanso e às férias, sentimo-nos acolhidos e
marcados pelo ambiente de oração, de encontro e de acolhimento que a Tenda de
Deus implantada nas praias da Torreira, da Barra e da Vagueira nos traz. Há
momentos e espaços plantados no coração das cidades e no meio da agitação da
vida em que o silêncio e a contemplação nos falam mais.
Simultaneamente
foi moldando o nosso coração crente ao longo destes dias o belo testemunho dos
jovens que se uniram ao Papa Francisco, no Rio de Janeiro, para viverem uma
festa inesquecível de alegria e de fé.
O Papa Francisco,
bispo de Roma e servidor da Igreja no mundo inteiro, foi, ele próprio, ao
encontro dos jovens para os confirmar e fortalecer na fé e para os chamar a
serem “discípulos de Jesus Cristo até as confins do mundo” (Mat 28, 19).
Os jovens que são
a maior energia do futuro e a melhor janela donde se vê já, em
antecipação e esperança, um mundo novo, percorrem as nossas terras, procuram as
nossas praias e preenchem de vida e de alegria as escolas, as igrejas e os
lugares de convívio e de festa de aldeias e cidades.
O Papa Francisco
desafiou os jovens a serem «campos da fé de Deus e atletas de Cristo», renovados no discipulado e na missão,
verdadeiros sinais do amor de Deus e corajosos samaritanos que têm a coragem de
levantar quem está caído à beira do caminho.
Isso exige dos
jovens um treino permanente em ordem a uma vida cristã feliz. “Ide, sem medo, para servir”, disse
o Papa aos jovens na Eucaristia de envio.
Pedi aos jovens da
nossa Diocese, no momento de envio para as Jornadas Mundiais, no Rio de
Janeiro, que levassem ao Papa Francisco notícias da Igreja de Aveiro a viver a
alegria da Missão Jubilar. Espero, agora, que nos tragam, de regresso, a
fortaleza da fé e a alegria evangelizadora que receberam do Papa Francisco e da
multidão dos jovens cristãos que encontraram. Ninguém como os jovens, criativos
e audazes, sabe contagiar o Mundo e a Igreja de juventude.
Ser cristão alegre e feliz
As
bem-aventuranças do Reino, proclamadas por Jesus na encosta da montanha diante
de uma multidão numerosa e com o mar à vista, não são anúncio feito para amanhã
nem promessa recebida para cumprir à distância do tempo. São mensagem dirigida
a cada um de nós. São palavra de Cristo para hoje. São evangelho para o nosso
tempo.
Ser cristão é ser
alegre e feliz. Precisamos, por isso, de proporcionar espaços que nos
possibilitem viver esta realidade e afirmar este testemunho no mundo em que
vivemos. Com o espírito que a Missão Jubilar a cada dia nos traz, vamos criar
um ambiente de festa e de são convívio, onde a música e a envolvência do
ambiente sejam oportunidade de evangelização.
Ao realizarmos
uma “Cristoteca” na
Costa Nova – Ílhavo, de 10 para 11 de Agosto, estamos a anunciar Jesus Cristo e
a promover valores humanos de alegria, de fraternidade e de bem-aventurança
evangélica.
Sob o lema: “Um dia vou ousar…Hoje é o dia!” queremos dizer, ao som da música, a
alegria da fé e anunciar desde a vigília da noite a certeza de manhãs de
ressurreição.
Os jovens
compreendem, como ninguém, esta linguagem e abraçam estes gestos e sinais. Que
eles nos ensinem, também, o seu amor incondicional a Cristo e a sua paixão pela
Igreja, de que são membros por inteiro e imprescindíveis protagonistas!
Quem evangeliza é
o primeiro a ser evangelizado e quem anuncia a alegria da fé recebe, em
recompensa, mais alegria e mais fé.
Bula da Restauração
A Missão Jubilar
oferece-nos diariamente muitos benefícios e dons que vão perdurar no tempo como
bênção de Deus a inspirar decisivamente o nosso futuro como Igreja. Por seu
lado a história, vivida como mestra da vida e raiz do futuro, torna fecunda a
terra que habitamos e anima a missão da Igreja que somos.
Ao ler e reler,
com permanente sabor e aumentado proveito, a história da nossa Diocese, sinto “avivar ainda mais a
consciência diocesana, dando conta por aquilo que se fez, de quanto é possível
vir a fazer-se para o bem religioso e social da Diocese e dos povos que lhe
pertencem” (D. Manuel de Almeida Trindade, A Diocese de Aveiro, Prefácio).
Pedi a Monsenhor
João Gonçalves Gaspar, Vigário Geral da nossa Diocese e autor do livro “A
Diocese de Aveiro – Subsídios para a sua história”, para retomar, com o vigor
do seu espírito de investigador e com a autoridade do seu saber, este trabalho
e elaborar, nesta abençoada ocasião, uma nova edição da História da Igreja de
Aveiro. Assim conheceremos melhor o caminho já feito e sentiremos, em cada
palavra dita e em cada passo dado, quanto Deus nos ensina e faz viver e sonhar
com gratidão e esperança.
Um dos momentos
marcantes e um dos textos incontornáveis da nossa história diocesana é a Bula
da restauração “Omnium Ecclesiarum”, assinada a 24 de Agosto de 1938 pelo
Papa Pio XI e que haveria de ser executada a 11 de Dezembro do mesmo ano, por
D. João Evangelista de Lima Vidal, nomeado Administrador Apostólico da
recém-restaurada Diocese de Aveiro.
Faz-nos bem ler e
meditar este texto fundador e conhecer o contexto em que foi publicado, após
porfiadas e difíceis diligências de leigos, sacerdotes e bispos que, com
persistência e determinação, tudo fizeram, a contragosto de muitos, para que a
Diocese de Aveiro fosse restaurada.
“A
D. João Evangelista de Lima Vidal, que recebera o seu baptismo de Bispo nas
plagas africanas de Angola e fora o primeiro Prelado de Vila Real não faltava,
por conseguinte, experiência nesta missão de Administrador Apostólico, e, mais
tarde, também de primeiro Bispo de Aveiro” ( Mons. João Gaspar).
São, por sua vez,
de D. João Evangelista estas palavras escritas ao Núncio Apostólico em
Portugal, D. Pedro Ciríaci, para agradecer, por seu intermédio, ao Papa a Bula
da restauração: “ A Sé Apostólica não podia ser mais gentil e maternal para
connosco, em Aveiro”.
Para lembrar e
agradecer a Deus a restauração da nossa Diocese, vamos celebrar, no próximo dia
24 de Agosto, a data e revisitar esse gesto do Papa Pio XI, com uma evocação
histórica feita por Monsenhor João Gaspar e um concerto, na Sé de Aveiro.
É de júbilo
acrescido este momento e tem pleno sentido o convite que a todos dirijo para
participarmos neste acto da vida diocesana, respondendo ao feliz apelo, feito
lema da Missão Jubilar:“Vive esta hora!”
Aveiro, 28 de Julho de 2013
António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro
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