quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Uma festa inesquecível de alegria e de fé


Mensagem do Senhor D. António Francico, Bispo de Aveiro à Diocese de Aveiro

Neste tempo habitualmente destinado ao descanso e às férias, sentimo-nos acolhidos e marcados pelo ambiente de oração, de encontro e de acolhimento que a Tenda de Deus implantada nas praias da Torreira, da Barra e da Vagueira nos traz. Há momentos e espaços plantados no coração das cidades e no meio da agitação da vida em que o silêncio e a contemplação nos falam mais.
Simultaneamente foi moldando o nosso coração crente ao longo destes dias o belo testemunho dos jovens que se uniram ao Papa Francisco, no Rio de Janeiro, para viverem uma festa inesquecível de alegria e de fé.
O Papa Francisco, bispo de Roma e servidor da Igreja no mundo inteiro, foi, ele próprio, ao encontro dos jovens para os confirmar e fortalecer na fé e para os chamar a serem “discípulos de Jesus Cristo até as confins do mundo” (Mat 28, 19).
Os jovens que são a maior energia do futuro e a melhor janela donde se vê  já, em antecipação e esperança, um mundo novo, percorrem as nossas terras, procuram as nossas praias e preenchem de vida e de alegria as escolas, as igrejas e os lugares de convívio e de festa de aldeias e cidades.
O Papa Francisco desafiou os jovens a serem «campos da fé de Deus e atletas de Cristo», renovados no discipulado e na missão, verdadeiros sinais do amor de Deus e corajosos samaritanos que têm a coragem de levantar quem está caído à beira do caminho.
Isso exige dos jovens um treino permanente em ordem a uma vida cristã feliz. “Ide, sem medo, para servir”, disse o Papa aos jovens na Eucaristia de envio.
Pedi aos jovens da nossa Diocese, no momento de envio para as Jornadas Mundiais, no Rio de Janeiro, que levassem ao Papa Francisco notícias da Igreja de Aveiro a viver a alegria da Missão Jubilar. Espero, agora, que nos tragam, de regresso, a fortaleza da fé e a alegria evangelizadora que receberam do Papa Francisco e da multidão dos jovens cristãos que encontraram. Ninguém como os jovens, criativos e audazes, sabe contagiar o Mundo e a Igreja de juventude.

Ser cristão alegre e feliz
As bem-aventuranças do Reino, proclamadas por Jesus na encosta da montanha diante de uma multidão numerosa e com o mar à vista, não são anúncio feito para amanhã nem promessa recebida para cumprir à distância do tempo. São mensagem dirigida a cada um de nós. São palavra de Cristo para hoje. São evangelho para o nosso tempo.
Ser cristão é ser alegre e feliz. Precisamos, por isso, de proporcionar espaços que nos possibilitem viver esta realidade e afirmar este testemunho no mundo em que vivemos. Com o espírito que a Missão Jubilar a cada dia nos traz, vamos criar um ambiente de festa e de são convívio, onde a música e a envolvência do ambiente sejam oportunidade de evangelização.
Ao realizarmos uma “Cristoteca” na Costa Nova – Ílhavo, de 10 para 11 de Agosto, estamos a anunciar Jesus Cristo e a promover valores humanos de alegria, de fraternidade e de bem-aventurança evangélica.
Sob o lema: “Um dia vou ousar…Hoje é o dia!” queremos dizer, ao som da música, a alegria da fé e anunciar desde a vigília da noite a certeza de manhãs de ressurreição.
Os jovens compreendem, como ninguém, esta linguagem e abraçam estes gestos e sinais. Que eles nos ensinem, também, o seu amor incondicional a Cristo e a sua paixão pela Igreja, de que são membros por inteiro e imprescindíveis protagonistas!
Quem evangeliza é o primeiro a ser evangelizado e quem anuncia a alegria da fé recebe, em recompensa, mais alegria e mais fé.


Bula da Restauração
A Missão Jubilar oferece-nos diariamente muitos benefícios e dons que vão perdurar no tempo como bênção de Deus a inspirar decisivamente o nosso futuro como Igreja. Por seu lado a história, vivida como mestra da vida e raiz do futuro, torna fecunda a terra que habitamos e anima a missão da Igreja que somos.
Ao ler e reler, com permanente sabor e aumentado proveito, a história da nossa Diocese, sinto “avivar ainda mais a consciência diocesana, dando conta por aquilo que se fez, de quanto é possível vir a fazer-se para o bem religioso e social da Diocese e dos povos que lhe pertencem” (D. Manuel de Almeida Trindade, A Diocese de Aveiro, Prefácio).
Pedi a Monsenhor João Gonçalves Gaspar, Vigário Geral da nossa Diocese e autor do livro “A Diocese de Aveiro – Subsídios para a sua história”, para retomar, com o vigor do seu espírito de investigador e com a autoridade do seu saber, este trabalho e elaborar, nesta abençoada ocasião, uma nova edição da História da Igreja de Aveiro. Assim conheceremos melhor o caminho já feito e sentiremos, em cada palavra dita e em cada passo dado, quanto Deus nos ensina e faz viver e sonhar com gratidão e esperança.
Um dos momentos marcantes e um dos textos incontornáveis da nossa história diocesana é a Bula da restauração “Omnium Ecclesiarum”, assinada a 24 de Agosto de 1938 pelo Papa Pio XI e que haveria de ser executada a 11 de Dezembro do mesmo ano, por D. João Evangelista de Lima Vidal, nomeado Administrador Apostólico da recém-restaurada Diocese de Aveiro.
Faz-nos bem ler e meditar este texto fundador e conhecer o contexto em que foi publicado, após porfiadas e difíceis diligências de leigos, sacerdotes e bispos que, com persistência e determinação, tudo fizeram, a contragosto de muitos, para que a Diocese de Aveiro fosse restaurada.
“A D. João Evangelista de Lima Vidal, que recebera o seu baptismo de Bispo nas plagas africanas de Angola e fora o primeiro Prelado de Vila Real não faltava, por conseguinte, experiência nesta missão de Administrador Apostólico, e, mais tarde, também de primeiro Bispo de Aveiro” ( Mons. João Gaspar).
São, por sua vez, de D. João Evangelista estas palavras escritas ao Núncio Apostólico em Portugal, D. Pedro Ciríaci, para agradecer, por seu intermédio, ao Papa a Bula da restauração: “ A Sé Apostólica não podia ser mais gentil e maternal para connosco, em Aveiro”.
Para lembrar e agradecer a Deus a restauração da nossa Diocese, vamos celebrar, no próximo dia 24 de Agosto, a data e revisitar esse gesto do Papa Pio XI, com uma evocação histórica feita por Monsenhor João Gaspar e um concerto, na Sé de Aveiro.
É de júbilo acrescido este momento e tem pleno sentido o convite que a todos dirijo para participarmos neste acto da vida diocesana, respondendo ao feliz apelo, feito lema da Missão Jubilar:“Vive esta hora!”

Aveiro, 28 de Julho de 2013
António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro

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