“Senhor, também é verdade que os cachorrinhos comem debaixo da mesa as migalhas das crianças” (Mc 7, 28)
Hoje
dia 13 de Fevereiro de 2014, 30 dias depois da partida para o Céu do
nosso Padre Miguel, na celebração da Santa Missa, a Liturgia
permitiu-me fazer uma breve meditação sobre a vida do Padre Miguel, a
partir do texto do Evangelho que citei.
Tive
a alegria e a graça não só de o conhecer mas de partilhar com ele
muitas coisas, na nossa Paróquia da Gafanha da Nazaré. Quando o
conheci já ele era o Pároco. Sempre o admirei pelo seu dinamismo e
como em todas as coisas encontrava sempre algo simbólico que lhe
falava do mundo sobrenatural. Em tudo sentia uma presença de Deus que
se revela. No estilo pedagógico de Schoenstatt, desenvolvido pelo
Padre Kentenich, destaco o que ele mencionava sobre a pedagogia das
vinculações. Assim era o Padre Miguel, não só a sua vinculação
às pessoas, mas também às coisas, porque estas lhe falavam de
Deus.
Recordo
uma vez entrar no seu quarto, na Residência Paroquial, e de ele
falar de todas as coisas que por lá se encontravam. Todas tinham um
sentido, uma história especial porque Deus estava por detrás dessa
história.
Assim
era ele, todos podiam encontrar nele um amigo, um companheiro, sempre
disponível para TODOS. Esta expressão é muito importante. Por isso
o Evangelho ligou-me com a sua pessoa. Esta mulher pagã do
Evangelho, siro-fenícia, não fazendo parte do Povo de Israel, “não
teria direito à salvação”, estava excluída. O Senhor, ao
dizer-lhe que “não está certo tirar o pão dos filhos
(entenda-se o Povo eleito de Israel) para o lançar aos
cachorrinhos”, provoca o despertar da fé desta mulher. Ao
mesmo tempo deixa claro, ao assentir que sim, ela tinha dado uma boa
resposta, está a confirmar que afinal Ele, o Senhor, está ali para
TODOS. Não há escolhidos, somente filhos de Deus.
Assim
viveu o Padre Miguel, para todos. Foram muitos os que “comeram”
das migalhas que este sacerdote foi distribuindo pelo mundo. Não se
poupava para estar onde era necessário para levar estas “migalhas”
de Deus, ou seja as suas graças a todos, para que todos se sentissem
verdadeiramente acolhidos como filhos de Deus.
Obrigado
Padre Miguel porque também eu me saciei dessas “migalhas” de
Deus que Nossa Senhora distribui a partir do seu Santuário de graças
que você construiu, como instrumento predilecto de Maria.
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