segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

39 Anos da abertura do Processo de Beatificação e Canonização do Padre Kentenich - O que falta para concluir?


A 10 de Fevereiro de 1975 foi aberto o processo de beatificação e canonização do Padre Kentenich na cidade de Tréveris.
 
 
Entrevista ao Padre Angel L. Strada, postulador do processo de canonização do Pe. Kentenich
 
A jornalista Patricia Navas, Espanha, entrevistou o Padre Angel L. Strada para a agência de notícias espanhola Veritas. Na sua entrevista, o P. Angel Strada informa o estado atual do processo e o que ainda precisa ser feito. 
Qual é o estado atual do processo de canonização do Fundador de Schoenstatt?
O processo foi iniciado na diocese de Tréveris em 10 de Fevereiro de 1975, sete anos após a morte do Padre Kentenich. Nos últimos anos reuniram-se muitos sinais da sua fama de santidade. Milhares de pessoas radicadas em 88 países nos cinco continentes, testemunharam que recorreram à sua intercessão e norteiam-se pelo seu exemplo de vida. Os numerosos escritos publicados foram examinados por quatro especialistas em teologia, que afirmaram que neles não encontraram nada contra os dogmas e a moral da Igreja. Mais de uma centena de testemunhas depuseram perante o tribunal eclesiástico. Isto é de particular importância, uma vez que o objetivo é o processo de verificação da vida e das virtudes heroicas do Servo de Deus. As testemunhas são questionadas sobre as memórias e vivências que tiveram em contato direto, em muitos casos, por décadas, com o Pe. Kentenich. Podem manifestar-se a favor ou contra, interpelar as perguntas e fornecer a documentação, etc.
Isto é de particular importância, uma vez que o objetivo é o processo de verificação da vida e das virtudes heroicas do Servo de Deus. As testemunhas são questionadas sobre as memórias e vivências que tiveram em contato direto, em muitos casos, por décadas, com o Pe. Kentenich. Podem manifestar-se a favor ou contra, interpelar as perguntas e fornecer a documentação, etc.
Nos últimos anos, o trabalho centrou-se na recolha e avaliação de documentos escritos inéditos, cartas escritas por ele e a ele dirigidas, documentos pessoais, conferências e retiros não editados, etc.  A responsabilidade de liderança desta tarefa estava a cargo de uma comissão de especialistas em história da Igreja e em arquivos. O grande número destes escritos exigiu muito tempo e energia. Em mais de 110 arquivos eclesiásticos e civis foi necessário documentação. Tanto para os arquivos como para os testemunhos foi levado em consideração os locais onde o Padre Kentenich viveu ou desenvolveu sua atividade pastoral: Alemanha, Roma, Suíça, EUA, Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, África do Sul. Agora faltan poucos procedimentos para a conclusão da fase diocesana do processo. Depois, seguir-se-á a fase de definição em Roma. É impossível prever quando este processo acabará. Entre outras razões porque é preciso um milagre para a beatificação. E ninguém pode "organizar" um milagre, somente o podemos implorar.
 
Quais são os principais obstáculos que estão a prolongar o processo?
39 anos de decurso não é necessariamente muito longo para a causa de beatificação de um confessor. As causas dos mártires, em geral, levam menos tempo e não se lhes exige um milagre. Não se devem usar como medida causas como a da Madre Teresa de Calcutá ou de Mons. Escrivá de Balaguer, que, por várias razões, duraram relativamente poucos anos. No caso do Padre Kentenich influenciou a sua longa vida de 82 anos, a enorme quantidade de documentos, o seu confronto com o Nacional-socialismo, os quase quatro anos de prisão no campo de concentração de Dachau, as dificuldades que ele teve com a sua própria comunidade dos Padres Palotinos, 14 anos de sua separação da Fundação impostas pelo então chamado Santo Ofício, em seguida, as propostas pastorais e teológicas que fez antecipando-se ao Concílio Vaticano II, etc. Muitas destas questões têm exigido uma investigação longa e minuciosa.
Também houve dificuldades nos trâmites do processo em si que começou quando estava em vigor a legislação anterior e que foi alterada em 1983. Este facto, forçou praticamente a um novo começo. A diocese de Tréveris levou vários anos para nomear um sucessor do primeiro Delegado Episcopal, que morreu repentinamente. O sucessor padeceu de várias doenças, que o impediu de dedicar-se integralmente a esta causa. Também até agora não houve nenhum milagre por intercessão do Pe. Kentenich. Um milagre normalmente influencia a aceleração do processo de virtudes. 


Qual seria o benefício para a Igreja?
 
"Os santos, também os anónimos, são o maior êxito da Igreja", disse recentemente o Cardeal Lustiger. Na verdade, eles são a demonstração clara de que os valores do Evangelho são realizáveis e não se reduzem a uma mera declaração de bons princípios ou ideais inatingíveis. Cristo proclamou que a sua missão consistia em dar-nos vida e vida em abundância. Podemos acreditar em tal vida, se ninguém e nunca se manifestou poderoso? Na vida dos santos é visível o poder transformador da graça. Os seus temperamentos são muito diferentes, bem como as suas missões específicas e os seus contextos culturais. Mas eles compartilham o seguimento incondicional de Cristo. De muitas maneiras nos é aberto o acesso ao Evangelho e, através dos exemplos lá contidos, sentimo-nos encorajados a vivê-los. 
A Igreja se beneficia cada vez que mostra alguém que reflete de forma transparente o amor, a solidariedade, a veracidade, a bondade, a simplicidade de Jesus Cristo. A Igreja não deve reduzir a sua mensagem ao anúncio das verdades de fé ou normas morais. Deve apresentar, acima de tudo, exemplos convincentes de vidas concordantes com o Evangelho. "A vida ilumina-se na vida", dizia o Pe. Kentenich. Quanto devemos a Paulo de Tarso, a Francisco de Assis, a Teresa de Ávila, a Inácio de Loyola...! Mas, também, quanto devemos a testemunhos simples os quais, através das suas palavras e obras, nos transmitiram a fé! Uma Igreja sem santos - os famosos e anónimos - seria uma Igreja pobre.
Claro que é necessário evitar uma "inflação de canonizações" e que a quantidade é algo secundário. Seria desejável a canonização de cristãos contemporâneos, especialmente os leigos. Neste sentido, destacamos os processos de canonização do arquiteto espanhol António Gaudi, do político francês Robert Schuman, do chileno engenheiro Mario Hiriart, do pai de família brasileiro João Pozzobon. 
Quais foram as contribuições originais do Pe. Kentenich?
"Os santos são a resposta de cima às perguntas de baixo", disse certa vez Hans Urs von Balthasar. Hoje temos muitas perguntas, porque estamos numa época de mudanças rápidas, profundas e globais. As contribuições do Padre Kentenich são muitas, mas uma delas é precisamente a aceitação dos desafios do mundo atual. “A mão no pulso do tempo e o ouvido no coração de Deus" define a sua pessoa e a sua ação pastoral. O Padre Kentenich não se refugiou na denúncia dos males presentes, não alimentou a nostalgia dos tempos passados, não anunciou um futuro utópico. Como Fundador do Movimento de Schoenstatt procurou educar para a liberdade, para que cada pessoa tome consciência de sua originalidade e seja sujeito de sua própria história em abertura ao Deus da vida e em solidariedade com os outros. Deste modo, denunciou o perigo da massificação. Desde muito cedo se opôs ao regime de Hitler, cuja consequência lhe acarretou três anos e oito meses de prisão no campo de concentração de Dachau.
Outra contribuição significativa é o reconhecimento dos laços humanos como meios para alcançar um profundo vínculo com Deus. Para incentivar a vivência de um cristianismo capaz de integrar o humano e o divino declarava que "o homem mais sobrenatural, deve ser o mais natural".
Já em 1920, pregava que o santo de hoje é o santo da vida diária. A fé não está separada da vida familiar, do trabalho, da amizade, das preocupações económicas, da arte e da política. Devemos construir pontes entre a realidade quotidiana e a realidade sobrenatural. O aperfeiçoamento para o encontro com o Deus da vida e da história foi a grande paixão do Pe. Kentenich. A sua própria experiência e os longos anos de acompanhamento espiritual de milhares de homens e mulheres conduziram-no à criação de uma pedagogia e de uma espiritualidade adequada para o momento atual.
A figura de Maria destaca-se através da veneração do Padre Kentenich. Ninguém como Ela deu maior exemplo de seguimento de Cristo perante as circunstâncias da vida diária. Ninguém entre os redimidos teve maior abertura aos desejos de Deus Pai e ninguém foi tão solidária perante os seus semelhantes. O encontro com Maria é o encontro com os valores que, hoje, são necessários para um testemunho credível, autêntico e cristão.
O Padre Kentenich estava convencido - tal como João Paulo II – de que Maria tem a tarefa de incutir nos corações dos homens e nas culturas dos povos as características de Cristo. Desde jovem selou um pacto de amor com Maria e colocou-se à sua disposição. Maria educou-o no seguimento de Cristo e encarregar-se-á que as suas contribuições para a Igreja sejam fecundas.

Fonte: http://www.pater-kentenich.org/pt/canonizacao/

 

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