Ao olhar para a Cruz
não estamos sós. Connosco, de olhar fixo no Crucificado, estão todos os que
sofrem.
Se olharmos, também
nós, o mundo a partir da Cruz de Cristo veremos que se ampliam os sentimentos
do nosso coração e se alarga o nosso campo de visão. Na Cruz, a Humanidade
deixa de ser vítima do pecado e da morte para iniciar a partir de Cristo e com
Ele a sua própria história da salvação fascinado pelo valor incondicional e
sagrado da vida e pela certeza inabalável da ressurreição.
Quando a Cruz pesa
sobre alguém, todos nós somos necessários e imprescindíveis como cireneus,
mesmo que a nossa ajuda pareça insignificante perante a imensidão da dor. Assim
compreendemos que Jesus não esteve só no caminho da Cruz. Com Ele fizeram
caminho também o Cireneu, a Verónica, as mulheres de Jerusalém, o discípulo
João e sobretudo a Mãe de Jesus. A Mãe é sempre quem melhor compreende o
mistério da dor e mais alivia o peso da cruz.
O caminho do Calvário
de todos os que sofrem não prescinde, também hoje, de cireneus que partilhem a
dor e que reparem a humilhação, o desprezo, a indiferença, a injustiça, o luto
e a miséria que são em todos os tempos da história angustiantes e demolidoras
experiências de sofrimento e de cruz.
A narração da paixão,
agora proclamada, diz-nos que no auge da crucifixão, Jesus revela, pelas
palavras que se lhes soltam do coração, a sua doação obediente até à morte e a
dimensão infinita do seu amor pela Humanidade.
E a última palavra, surpreendentemente serena e confiante, é esta: "Pai nas tuas mãos entrego O meu Espírito" (Lc 23, 46).
E a última palavra, surpreendentemente serena e confiante, é esta: "Pai nas tuas mãos entrego O meu Espírito" (Lc 23, 46).
É a manifestação de que
tudo está cumprido. A Humanidade está salva. Está restabelecida a Aliança nova
entre o Senhor e o Seu Povo, reaberto o diálogo entre Criador e a Criação e
restabelecido o amor entre Deus e a Humanidade.
(Excertos da Homilia de D. António Francisco na Celebração da Paixão do Senhor, no Porto)
Fami e Paulo
(Excertos da Homilia de D. António Francisco na Celebração da Paixão do Senhor, no Porto)
Fami e Paulo
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