sábado, 8 de dezembro de 2012

Uma opção pela vida (do filho)

 
Amanhã há bênção das grávidas no Santuário de Schoenstatt de Aveiro. Talvez por isso hoje ao ler a notícia sobre a entrega do Prémio Europeu pela Vida "Madre Teresa de Calcutá", chamou-me atenção uma das homenageadas: Chiara Corbella. Este prémio é concedido a todas as mães da Europa, porque, com seu amor, acolhimento e coragem, elas continuam acreditando, protegendo e perpetuando a vida. O reconhecimento acontece no aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 de dezembro de 1948), já que o direito do feto a nascer é o primeiro dos direitos humanos. A lei é a força dos fracos: as civilizações são medidas de acordo com a sua forma de se relacionar com os fracos e com os pobres. O Movimento italiano pela Vida criou o prémio, precisamente, para recordar perante o mundo os mais frágeis dentre os seres humanos. Para Chiara Corbella a gravidez tornou-se sinónimo de um heroico testemunho pró-vida. Ela faleceu este ano, no dia 13 de junho, após mais de um ano travando uma luta contra um cancro. A luta de Chiara começou em janeiro de 2011. Aos 27 anos e no quinto mês de gestação, ela viu-se frente a um diagnóstico que deixaria qualquer pessoa atónita: uma grave lesão na língua foi detectada como sendo um carcinoma, tipo de tumor cancerígeno maligno que tende a provocar metástase, fase em que a doença espalha-se rapidamente por todo o corpo.Ela não hesitou em tomar a decisão de seguir adiante com a gravidez e, apenas após o nascimento do filho, dar início ao tratamento da doença. Anteriormente, a jovem já tinha perdido dois bebés – Maria e Davide – que nasceram com graves má-formações e morreram pouco tempo após o parto. Chiara salvou o filho de eventuais impactos do tratamento contra o cancro, que poderia causar até mesmo um aborto.
 
 
Em 30 de maio de 2011, o filho Francesco nasceu sadio. Ali também se intensificava a peregrinação luminosa da vida da jovem romana. Ao longo do tratamento, Chiara teve de extrair o olho direito. Em 4 de abril deste ano, foi diagnosticada pela equipe médica como “doente terminal”. Os seus passos de santidade tornavam-se mais acelerados. Morreu aos 28 anos, na força da vida da sua juventude. A missa de corpo presente de Chiara foi celebrada no dia 16 de junho, na paróquia de Santa Francesca Romana. Aclamada por muitos como a Beata dos nossos tempos. O vigário-geral do Papa para a diocese de Roma, cardeal Agostino Vallini, esteve presente. Meses antes, ele conheceu a sua história, da qual afirmou: “É a nova Gianna Beretta Molla”."Chiara é uma grande lição de vida, uma luz, fruto de um maravilhoso projeto de Deus que não podemos compreender, mas que existe. Por isso, recolhamos esta herança que nos recorda a necessidade de dar o justo valor a cada pequeno ou grande gesto quotidiano”, afirmou dom Vallini.“Vou para o céu juntamente com Maria e Davide. Tu permaneces aqui com o papá. De lá, rezarei por ti", escreveu numa carta que deixou para o filho Francesco antes de partir. Chiara era casada com Enrico, que conheceu aos 18 anos, durante uma peregrinação. Poucos meses depois, começaram a namorar. Aos 24 anos, casaram-se.
 
 
“Viver com a minha mulher foi belíssimo. A cada dia nos enamorávamos mais, tanto um pelo outro quanto por Jesus. No meio dos sofrimentos, agarramo-nos ao Senhor com todas as nossas forças, pois o que Ele nos pedia era seguramente muito maior do que nós. Na realidade, a Cruz, se vivida com Cristo, não é tão pesada como parece. Se se confia nele, descobre-se que neste fogo, nesta cruz, não se queima, e que na dor pode existir paz, e que na morte existe alegria. No dia da morte de Chiara, pela manhã, perguntei-lhe: ‘Minha vida, é verdadeiramente doce esta Cruz, como diz o Senhor?’. Ela olhou para mim, sorriu e, com um fio de voz, disse: ‘Sim, Enrico, é muito doce’. Contarei a Francisco sobre como é belo deixar-se amar por Deus, pois, se alguém se sente amado, consegue fazer tudo. Para mim, essa é a essência da vida: deixar-se amar, para também amar a quem está ao nosso redor. E direi a Francesco que foi exatamente isso que fez sua mãe”, afirma Enrico.
 
MP 

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