quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Homilia do Sr. Bispo de Aveiro na Peregrinação Diocesana ao Santuário de Schoenstatt


HOMILIA NA EUCARISTIA DA PEREGRINAÇÃO DIOCESANA

Santuário de Nossa Senhora de Schöenstatt, 23 de Outubro de 2011

1.Reunimo-nos em Peregrinação diocesana ao Santuário de Schöenstatt, em dia de Domingo, vivido como dia particularmente dedicado ao Senhor. Foi no dia primeiro da semana que Jesus ressuscitou e que o Pentecostes aconteceu.
O domingo é também o dia da família reunida, da comunidade congregada, dos movimentos apostólicos convocados para a missão. Não esqueçamos no viver de cada dia e no horizonte da nossa formação a centralidade que nesta IV.ª etapa do nosso Plano Diocesano de Pastoral, e neste caminho rumo ao Jubileu da nossa Diocese, queremos dar à família, como verdadeira igreja doméstica, santuário de amor e espaço abençoado pra se escutar o evangelho da vida. Queremos ser Igreja diocesana, fraternidade de famílias que confirma a esperança. Vive o Movimento de Schöenstatt também a preparação do centenário da sua fundação. É com este mesmo e comum espírito jubilar que vivemos esta peregrinação e acolhemos o seu lema: «Família-Santuário vivo-esperança no mundo».
Esta peregrinação interpela-nos e deve abrir-nos caminhos para que as famílias também aqui encontrem no santuário pela graça que Maria nos oferece os necessários e tantas vezes procurados lugares de acolhimento, de transformação interior e de esperança reconfortante. Os santuários são cada vez mais espaços privilegiados para a evangelização e para a construção de uma cultura de esperança, em que o sonho de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno seja desde já visível. Os «santuários são, no dizer do Padre Kentenich, lâmpadas acesas, são jardins de alegria e faróis de verdade. São presença de Deus que caminha connosco, irradiando esperança».


2.Celebra a Igreja hoje o Dia Mundial das Missões. O Santo Padre Bento XVI dirige-nos uma bela e oportuna mensagem, desenvolvida a partir da palavra de Jesus: «Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós» (Jo 20,21).

Lembra-nos o Santo Padre e sabemo-lo todos que o «anúncio incessante do evangelho vivifica também a Igreja, o seu fervor e o seu espírito apostólico, renova os seus métodos pastorais para que sejam cada vez mais apropriados às novas situações: A missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece! A nova evangelização dos povos cristãos também encontrará inspiração e apoio no empenho pela missão universal».
A tarefa de evangelizar não perdeu a sua urgência. Evangelizar é a graça e a missão da própria Igreja. A Igreja não pode fechar-se sobre si mesma. Enraíza-se em determinados lugares para ir mais além. E esta missão empenha todos, tudo e sempre. O evangelho não é um bem exclusivo de quem o recebeu, mas constitui uma dádiva a compartilhar, uma boa notícia a comunicar.
Que o «Dia Mundial das Missões, conclui o Santo Padre a sua mensagem, reavive em cada um de nós o desejo e a alegria de «ir» ao encontro da humanidade levando Cristo a todos».


3.Foi assim, irmãos e irmãs, que aconteceu no Pentecostes, o primeiro dia missionário, em que Pedro fortalecido pelos dos do Espírito Santo e como porta voz de todos os discípulos reunidos com Maria, Mãe de Jesus, no Cenáculo sai para a cidade e vai ao encontro da humanidade ali presente anunciar Jesus Cristo, morto e ressuscitado.
É assim que acontece hoje, quando convocados pelo Senhor e reunidos em nome de Cristo sentimos o apelo à evangelização e saboreamos a força de o fazer. «Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós» ( Jo 20, 21). Esta nossa peregrinação deve ter este horizonte e beber da fonte inspiradora deste dinamismo missionário, consolidando os grupos que somos e alargando a novas fronteiras e abrindo mais caminhos de missão.

4.Vem ao encontro desta urgência e desta pedagogia de uma nova evangelização a própria Palavra de Deus que hoje escutamos. S. Paulo escreve à comunidade de Tessalónica. Esta comunidade aprendeu a percorrer com Cristo e com Paulo o caminho do amor e o dom da vida. Apesar das hostilidades e das perseguições. O exemplo de Paulo cumprido na alegria e na dor tornou-se verdadeira semente de fé e de amor, que deu frutos noutras comunidades cristãs do seu tempo (cf 1 Tes 1, 5-10).
Também o nosso testemunho de um cristianismo vivido com alegria e generosidade pode e deve ser semente de evangelização levando em tudo, a todos e sempre a boa nova de Jesus Cristo.
Esta boa nova de Jesus está caldeada e impregnada dos seus ensinamentos e está expressa nesta bela síntese do evangelho de hoje. «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito. Este, é o maior e o primeiro mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Nestes dois mandamentos se resumem a Lei e os Profetas» ( Mat 22, 37-40). Trata-se de um verdadeiro equilíbrio de amor, o poder amar, sem ser culpado, este amor por si próprio, que no entanto não é roubado a ninguém, este amor aos outros que não diminui nem violenta o próprio eu.
À luz desta mensagem de Jesus compreendemos ainda melhor o texto da primeira leitura em que a palavra do Senhor nos interroga e interpela sobre o nosso modo de cuidar com amor igual dos mais frágeis, dos mais pobres e dos mais humildes. (Ex 22, 20-26).
No tempo do Êxodo e no tempo de Jesus vivia-se numa sociedade de desiguais, em que muitas vezes a discriminação se institucionalizava e em que o padrão da vida era o individualismo. A fé em Deus e o amor para com o próximo expressos na resposta dada por Jesus, na advertência do autor do livro do êxodo e no testemunho exemplar de Paulo e da comunidade de Tessalónica abrem-nos a esta tríplice dimensão: para com Deus, para com os outros e para connosco próprios. Do amor primeiro para com Deus nasce este amor inquieto para com os irmãos que nos leva a fazer do anúncio do evangelho uma missão e do amor aos irmãos uma urgência e um serviço. É um amor de doação de todos, em tudo e sempre, que faz de cada gesto um reforço do crescimento pessoal e uma expressão de solidariedade fraterna.
Este amor impresso na resposta de Jesus é a força da missão, que neste domingo e nesta nossa Peregrinação se celebra com especial atenção e solicitude.

5- Que Maria, a Mãe de Jesus e nossa Mãe, que aqui nos acolhe como educadora da fé e medianeira de todas as graças, ilumine todas as famílias para que encontrem forças para se tornarem cada vez mais um santuário de amor e as abençoe neste caminho de missão, de fidelidade e de alegria e de esperança.

+António Francisco dos Santos

Bispo de Aveiro

Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...