1. Indulgências e o
Jubileu
A celebração do
jubileu traz também consigo as graças próprias do jubileu: a conversão e o
perdão, a fé e a santificação, a renovação e o compromisso. É um tempo da
abundância dos dons de Deus que nos oferece a salvação e a possibilidade de
começar de novo.
A Igreja é guardiã
do tesouro de graças que Jesus lhe confiou e em cada jubileu, alegra-se por
poder oferecer aos seus filhos as portas abertas do perdão. A indulgência é
expressão disso mesmo e por isso, em primeiro lugar, é uma dádiva de Deus que
se aproxima de nós para nos renovar.
Como sinal dessa
misericórdia de Deus e da possibilidade de começar de novo, alegramo-nos que o
Santo Padre tenha concedido indulgência plenária associada às celebrações do
nosso jubileu.
"O Santo
Padre desejando, através da fé na divina graça, e movido pelo amor à Igreja
universal e pelo especial afeto aos membros da Obra Internacional de
Schoenstatt, gentilmente concede uma Indulgência Plenária..." (do decreto, 2.10.13)
2. Indulgências e
santidade quotidiana
Para descobrir o
sentido profundo da prática das indulgências, evitar a mera realização de actos
para ganhar esse dom, e sobretudo, para encontrar nelas uma oportunidade para
percorrer caminhos de santidade, gostaria de destacar alguns aspectos
fundamentais e pastorais, de acordo ao Manual das Indulgências, editado a
pedido da conferência episcopal portuguesa, em Julho de 2013.
O espírito que
orientou a reforma das indulgências no Vaticano II procurou estimular os
cristãos à santidade, de tal modo que as suas orações e obras não fossem apenas
consideradas para satisfazerem pelas penas merecidas pelos pecados mas também,
e principalmente, fossem um estímulo a um maior fervor da caridade. (Cfr.
preliminares, 2)
A concessão da
indulgência está associada a várias obras de piedade particular e pública, bem
como a obras de caridade e penitência, qualquer outra boa obra e todo o
sofrimento pacientemente suportado. (idem, 3)
Há assim uma
intenção clara em unir a prática das indulgências à vida quotidiana dos fieis,
de modo a induzir cristão a tornar a sua vida mais útil e mais santa,
eliminando, como diz GS43 «o divórcio que se encontra em muitos entre a fé que
professam e a sua vida quotidiana ... e unindo numa sínteses vital os esforços
humanos, domésticos, profissionais, científicos ou técnicos com valores
religiosos, sob cuja altíssima direcção tudo se orienta para glória de Deus».
Por isso, a
Penitenciária Apostólica teve a preocupação de dar mais importância à vida
cristã e de levar as almas, mais do que à repetição de fórmulas ou práticas, ao
espírito de oração e de penitência e ao exercício das virtudes teologais.
(idem, 4)
É nesse sentido que
no manual referem-se em primeiro lugar quatro concessões de carácter mais
geral, que podem iluminar a vida quotidiana do cristão, sempre que ele vive
estas situações com fé. Assim, o fiel é convidado a imprimir o espírito cristão
nas acções com que a sua vida quotidiana, é por assim dizer, entremeada, e a
tender, no seu estado de vida, à perfeição da caridade.
A) No cumprimento
dos seus deveres e ao suportar as dificuldades da vida ....
B) No serviço aos
irmãos necessitados
C) Na prática da
penitência
D) No testemunho de
fé nas circunstâncias da vida quotidiana
Para além destas
concessões, o manual apresenta muitas outras, relacionadas com orações e
devoções, celebrações de santos ou dias litúrgicos especiais, bem como ou
outras praticas da piedade cristã.
Todas estas
concessões se complementam mutuamente e, enquanto com o dom da indulgência
convidam os fiéis a praticar obras de piedade, caridade e penitência
conduzem-nos a unir-se mais intimamente, por meio da caridade, a Cristo e o seu
corpo místico, a Igreja. (Outras concessões, 2)
3. Espiritualidade
da Aliança
No Santuário de
Schoenstatt, Nossa Senhora convida-nos a selar com ela uma Aliança de Amor,
para formar em cada um de nós o "santo da vida diária", aquele
cristão que vive a união entre fé e a sua vida quotidiana.
No dia 18.10.1914,
no documento de fundação, é claro o seu pedido para aspirarmos a esta
santidade, vivida nas circunstâncias da vida concreta, no cumprimento fiel do
nosso dever de estado e numa zelosa vida de oração.
Tudo isso se
expressa no "capital de graças", o oferecimento das nossas boas obras
e sacrifícios, da nossa vida de oração e do testemunho como cristãos. Assim
rezamos com o P. Kentenich:
Tudo o que levo em
mim,
o que suporto,
o que digo e o que
arrisco,
o que penso e o que
amo,
os méritos que
obtenho,
o que dirijo e
conquisto,
o que me causa
sofrimento e alegria:
o que sou e o que
tenho,
te ofereço como dom
de amor
para a fonte santa
de graças
que do Santuário
brota cristalina,
para inundar as
almas
dos que dão a
Schoenstatt o seu coração
e encaminhar
bondosamente para lá
os que, por
misericórdia, queres escolher;
e para que
frutifiquem as obras
que consagramos à
Santíssima Trindade. (RC.16)
Desta forma, pelos
méritos da nossa santificação, estamos a contribuir para a fecundidade do
tesouro de graças do Santuário e a colaborar na santificação dos membros do
Corpo místico de Cristo, em solidariedade uns com os outros.
Estou tão
intimamente ligado aos meus,
que nos sentimos
sempre uma unidade:
eu vivo e sustento-me
da sua santidade
e com alegria estou
disposto a morrer por eles.(RC 470)
Estou tão intima e
fielmente unido a eles
que dentro de mim
uma voz me diz sempre:
O teu ser e a tua
vida reflectem-se neles,
determinam o seu
infortúnio ou aumentam a sua felicidade. (RC 471)
podemos estender as
mãos uns aos outros:
a santidade de um
favorece a todos os outros
através do sangue
do Senhor. (RC 489)
Esta santificação
faz parte do apostolado
e ajuda a inflamar
o zelo apostólico.
É um vinculo
potente, indestrutível,
que nos mantém
unidos através de cidades e campos. (RC 492)
Tal como expressa o
lema da Aliança – nada sem Ti, nada sem nós – todo o cristão pode colaborar na
redenção, na obra de purificação e santificação própria ou dos membros do corpo
místico. Isto, sempre como participação e em união com a obra salvífica
realizada por Jesus.
4. Aplicações
pastorais
A concessão de
indulgências no Santuário de Schoenstatt, durante o ano jubilar, para além de
ser um gesto de reconhecimento e afecto por parte do Santo Padre, é um estímulo
a vivermos ainda mais conscientemente a espiritualidade de Aliança, a colaborar
com generosidade ao capital de graças e a aspirar à santidade da vida diária.
No espírito do
capital de graças, valorizamos a oferta dos nossos méritos, e das indulgências,
em favor dos defuntos, acentuando a solidariedade fraterna.
Somos ainda
convidados a peregrinar ao santuário mais vezes e com mais espírito de fé para
a verdadeira conversão e santificação porque o santuário é o lugar privilegiado
para a celebração do jubileu e também para receber as indulgências.
Nesse sentido,
também podemos beber mais abundantemente das graças próprias do Santuário de
Schoenstatt, que são uma permanente ajuda na nossa peregrinação diária, rumo ao
céu: o acolhimento no coração de Deus, a transformação interior e o envio
apostólico.
O Movimento em
geral e a Pastoral do Santuário em particular, ao longo deste ano, pode promover
iniciativas para a celebração do jubileu, tem uma oportunidade para fomentar a
espiritualidade da Aliança, anunciar a mensagem do Santuário e dar a conhecer
as suas graças específicas que poderão ser publicadas juntamente com decreto
das indulgências e sua explicação.
16 de Novembro de
2013. Padre José Melo
Sem comentários:
Enviar um comentário