Apóstolos da força e da beleza da fé
Iniciamos este mês sob o signo da vida consagrada. O dia 2 de Fevereiro,
dia litúrgico da Apresentação do Senhor foi, desde há muito, escolhido por João
Paulo II como o Dia da Vida Consagrada.
Reunimo-nos, nesse dia, na Sé de Aveiro com os consagrados e consagradas da
Diocese para darmos graças a Deus por este dom concedido à Igreja e pela sua
presença, carismas, testemunho e acção em todos os nossos Arciprestados.
Celebremos, assim, ao longo de todo este mês, de forma jubilar, a alegria da
generosidade e o testemunho da fidelidade com todos os consagrados e
consagradas da nossa Diocese.
Há vinte e cinco anos, nesse mesmo dia, faziam a sua consagração, como
Leigas de Nossa Senhora do Sim, o primeiro grupo diocesano de oito mulheres
decididas a confiarem a Deus, nesta Igreja de Aveiro, a sua vida entregue para
servir o mundo. Uma já partiu ao encontro do Pai e outras vieram posteriormente
juntar-se ao grupo inicial. Damos graças a Deus pelo dom da sua vocação e pelo
testemunho da sua fidelidade.
Ao procurarem viver a radicalidade dos conselhos evangélicos, os
consagrados e consagradas são apóstolos incansáveis da força e da beleza da fé.
São verdadeiros «catecismos abertos», onde tanta gente tem encontrado os
«conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada» (Bento XVI, A Porta da
Fé, 9).
Impelidos pelo amor de Cristo, como verdadeiros peregrinos da fé, os
consagrados estão na primeira linha da frente do serviço à causa do anúncio do
evangelho das bem-aventuranças.
Que esta seja, também, a hora de ver surgir na nossa Diocese novas vocações
para o ministério ordenado e para a vida religiosa e consagrada no meio do
mundo, pela diversidade de tantos carismas e pela beleza do mesmo testemunho de
amor a Deus e serviço aos irmãos. “Vive esta hora!”
Um dia vou visitar-te
Coincide a nossa Missão 11 de Fevereiro e o Dia da Visita com o Dia Mundial do Doente, que João Paulo II escolheu, por referência ao dia litúrgico de Nossa Senhora de Lurdes.
Por entre a agitação do trabalho, a preocupação do (des)emprego, o ritmo
frenético da vida falta-nos tempo e lugar para olharmos, ouvirmos e estarmos
próximos dos nossos irmãos, que estão doentes ou vivem sós e se encontram
esquecidos e abandonados.
Esses irmãos nossos têm nome e rosto. São muitas vezes nossos pais e avós,
nossos irmãos e vizinhos e nossos companheiros de vida. E são todos nossos
contemporâneos!
São irmãos nossos: abrigam-se sob o mesmo céu, mesmo quando não têm abrigo;
percorrem os mesmos caminhos, mesmo quando o chão da vida lhes foge e os seus
pés se sentem magoados pelas asperezas de tanto caminhar; falam a mesma língua,
mesmo que ninguém os ouça ou já ninguém os entenda; calam as mesmas dores e
gritam sofridas revoltas, mesmo que não haja leis para os defender; aguardam
misericórdia e esperam compaixão, mesmo quando marcados pelo estigma da pena ou
da discriminação mercê do mal feito.
Somos convidados a visitar alguém para que não haja ninguém que não tenha
neste dia quem o visite. Que essa visita não seja um instante fugidio mas sim
uma presença que dê tempo à escuta, que ofereça voz à proximidade, que se faça
companhia ao jeito do bom samaritano, como quem ama, cuida e dá vida.
Vamos como mensageiros do Senhor. Somos presença de Deus. Levamos na alma,
no coração, no olhar e na fé a certeza de que ser feliz é fazer feliz os
outros: “Um dia vou visitar-te…hoje é o Dia!”
Catequeses
Inicia-se no próximo dia 13 a Quaresma. A mensagem do Santo Padre Bento XVI para esta Quaresma parte da bela afirmação de S. João na sua primeira Carta: “Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele” ( 1 Jo 4, 16).
Inicia-se no próximo dia 13 a Quaresma. A mensagem do Santo Padre Bento XVI para esta Quaresma parte da bela afirmação de S. João na sua primeira Carta: “Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele” ( 1 Jo 4, 16).
Ao longo deste tempo e com este mesmo espírito de discípulos de Cristo que
conhecem o amor de Deus e crêem nele vamos desenvolver, nas três primeiras
sextas-feiras da Quaresma, em simultâneo nas 101 paróquias da Diocese, cada uma
das três Catequeses da Missão Jubilar.
Descobriremos, assim, o encanto de sermos Comunidade cristã, onde
encontramos na diversidade de carismas, de dons e de ministérios membros da
comunidade disponíveis e preparados para viverem este dom da missão que é
ensinar. Vamos todos aprofundar e fortalecer as razões firmes da nossa fé,
esperança e caridade para que sejamos verdadeiros discípulos de Cristo,
mensageiros das bem-aventuranças do Reino e construtores desta Igreja de Jesus
Cristo em Terras de Aveiro.
A Missão Jubilar não é apenas memória de uma data histórica. É, antes de
mais, o aproveitar de uma data importante para ajudar a crescer a consciência
evangélica e eclesial em cada diocesano e em cada paróquia, em cada comunidade
e em cada grupo.
Nos temas propostos, as referências ao II Sínodo Diocesano são essenciais,
dado que aí devemos voltar em permanência para colhermos os frutos de um longo
trabalho de sementeira realizada ao longo do tempo da nossa história como
Diocese restaurada. Celebramos esta Missão Jubilar cinquenta anos depois do
início do Concílio que constitui para todos nós um marco incontornável da
renovação da Igreja e de incentivo ao ânimo evangelizador e ao diálogo com o
mundo.
Quero, neste horizonte já próximo das Catequeses, deixar uma palavra de
muita gratidão e renovado incentivo aos missionários a quem incumbe a
orientação das Catequeses da Missão Jubilar. Reconheço que não é tarefa fácil,
mas sei igualmente que é missão imprescindível para o anúncio do evangelho.
Vejo a vossa missão como um serviço necessário de anúncio da fé, de formação
cristã, de consolidação do nosso viver em comunidade e do nosso amor aos nossos
contemporâneos.
Esta é uma bela experiência de fé e de vida eclesial pela disponibilidade
generosa encontrada em tantas centenas de missionários, chamados das suas
terras e comunidades, para irem ao encontro de novas terras e diferentes
comunidades e para testemunharem pela palavra e pela vida a fé, cuja beleza
querem ajudar a descobrir, a professar, a viver, a anunciar e a celebrar.
Os missionários vão cruzar os caminhos da Diocese como livro aberto onde as
crianças, jovens e famílias por inteiro podem aprofundar a fé e descobrir que
pela formação cristã passa a necessária renovação da Igreja.
Estou certo de que as Catequeses assim preparadas, vividas e realizadas
oferecem a toda a Diocese na sua intencionalidade, conteúdo e valor um momento
fundamental da nossa Missão Jubilar.
Incentivemos todas as pessoas e comunidades da nossa Diocese a participar e
a sentir que deste modo se realiza a palavra de Jesus dita na sua terra ao ler
na Sinagoga de Nazaré a profecia de Isaías (Is 61, 1-2):
“O Espírito do Senhor me escolheu, me ungiu e me enviou a anunciar a boa
nova. «Cumpriu-se hoje a palavra que ouvis».
Todos davam testemunho de Jesus e se admiravam com as suas palavras
repletas de graça e de sabedoria” (Luc. 4, 21-22 ).
Aveiro, 4 de Fevereiro, Memória litúrgica
de S. João de Brito, de 2013
António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro
António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro
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