quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Mensagem de D. António Francisco à Diocese de Aveiro


Apóstolos da força e da beleza da fé

Iniciamos este mês sob o signo da vida consagrada. O dia 2 de Fevereiro, dia litúrgico da Apresentação do Senhor foi, desde há muito, escolhido por João Paulo II como o Dia da Vida Consagrada.
Reunimo-nos, nesse dia, na Sé de Aveiro com os consagrados e consagradas da Diocese para darmos graças a Deus por este dom concedido à Igreja e pela sua presença, carismas, testemunho e acção em todos os nossos Arciprestados. Celebremos, assim, ao longo de todo este mês, de forma jubilar, a alegria da generosidade e o testemunho da fidelidade com todos os consagrados e consagradas da nossa Diocese.
Há vinte e cinco anos, nesse mesmo dia, faziam a sua consagração, como Leigas de Nossa Senhora do Sim, o primeiro grupo diocesano de oito mulheres decididas a confiarem a Deus, nesta Igreja de Aveiro, a sua vida entregue para servir o mundo. Uma já partiu ao encontro do Pai e outras vieram posteriormente juntar-se ao grupo inicial. Damos graças a Deus pelo dom da sua vocação e pelo testemunho da sua fidelidade.
Ao procurarem viver a radicalidade dos conselhos evangélicos, os consagrados e consagradas são apóstolos incansáveis da força e da beleza da fé. São verdadeiros «catecismos abertos», onde tanta gente tem encontrado os «conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada» (Bento XVI, A Porta da Fé, 9).
Impelidos pelo amor de Cristo, como verdadeiros peregrinos da fé, os consagrados estão na primeira linha da frente do serviço à causa do anúncio do evangelho das bem-aventuranças.
Que esta seja, também, a hora de ver surgir na nossa Diocese novas vocações para o ministério ordenado e para a vida religiosa e consagrada no meio do mundo, pela diversidade de tantos carismas e pela beleza do mesmo testemunho de amor a Deus e serviço aos irmãos. “Vive esta hora!”

Um dia vou visitar-te
Coincide a nossa Missão 11 de Fevereiro e o Dia da Visita com o Dia Mundial do Doente, que João Paulo II escolheu, por referência ao dia litúrgico de Nossa Senhora de Lurdes.
Por entre a agitação do trabalho, a preocupação do (des)emprego, o ritmo frenético da vida falta-nos tempo e lugar para olharmos, ouvirmos e estarmos próximos dos nossos irmãos, que estão doentes ou vivem sós e se encontram esquecidos e abandonados.

Esses irmãos nossos têm nome e rosto. São muitas vezes nossos pais e avós, nossos irmãos e vizinhos e nossos companheiros de vida. E são todos nossos contemporâneos!
São irmãos nossos: abrigam-se sob o mesmo céu, mesmo quando não têm abrigo; percorrem os mesmos caminhos, mesmo quando o chão da vida lhes foge e os seus pés se sentem magoados pelas asperezas de tanto caminhar; falam a mesma língua, mesmo que ninguém os ouça ou já ninguém os entenda; calam as mesmas dores e gritam sofridas revoltas, mesmo que não haja leis para os defender; aguardam misericórdia e esperam compaixão, mesmo quando marcados pelo estigma da pena ou da discriminação mercê do mal feito.
Somos convidados a visitar alguém para que não haja ninguém que não tenha neste dia quem o visite. Que essa visita não seja um instante fugidio mas sim uma presença que dê tempo à escuta, que ofereça voz à proximidade, que se faça companhia ao jeito do bom samaritano, como quem ama, cuida e dá vida.
Vamos como mensageiros do Senhor. Somos presença de Deus. Levamos na alma, no coração, no olhar e na fé a certeza de que ser feliz é fazer feliz os outros: “Um dia vou visitar-te…hoje é o Dia!”

Catequeses
Inicia-se no próximo dia 13 a Quaresma. A mensagem do Santo Padre Bento XVI para esta Quaresma parte da bela afirmação de S. João na sua primeira Carta: “Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele” ( 1 Jo 4, 16).
Ao longo deste tempo e com este mesmo espírito de discípulos de Cristo que conhecem o amor de Deus e crêem nele vamos desenvolver, nas três primeiras sextas-feiras da Quaresma, em simultâneo nas 101 paróquias da Diocese, cada uma das três Catequeses da Missão Jubilar.
Descobriremos, assim, o encanto de sermos Comunidade cristã, onde encontramos na diversidade de carismas, de dons e de ministérios membros da comunidade disponíveis e preparados para viverem este dom da missão que é ensinar. Vamos todos aprofundar e fortalecer as razões firmes da nossa fé, esperança e caridade para que sejamos verdadeiros discípulos de Cristo, mensageiros das bem-aventuranças do Reino e construtores desta Igreja de Jesus Cristo em Terras de Aveiro.
A Missão Jubilar não é apenas memória de uma data histórica. É, antes de mais, o aproveitar de uma data importante para ajudar a crescer a consciência evangélica e eclesial em cada diocesano e em cada paróquia, em cada comunidade e em cada grupo.
Nos temas propostos, as referências ao II Sínodo Diocesano são essenciais, dado que aí devemos voltar em permanência para colhermos os frutos de um longo trabalho de sementeira realizada ao longo do tempo da nossa história como Diocese restaurada. Celebramos esta Missão Jubilar cinquenta anos depois do início do Concílio que constitui para todos nós um marco incontornável da renovação da Igreja e de incentivo ao ânimo evangelizador e ao diálogo com o mundo.
Quero, neste horizonte já próximo das Catequeses, deixar uma palavra de muita gratidão e renovado incentivo aos missionários a quem incumbe a orientação das Catequeses da Missão Jubilar. Reconheço que não é tarefa fácil, mas sei igualmente que é missão imprescindível para o anúncio do evangelho. Vejo a vossa missão como um serviço necessário de anúncio da fé, de formação cristã, de consolidação do nosso viver em comunidade e do nosso amor aos nossos contemporâneos.
Esta é uma bela experiência de fé e de vida eclesial pela disponibilidade generosa encontrada em tantas centenas de missionários, chamados das suas terras e comunidades, para irem ao encontro de novas terras e diferentes comunidades e para testemunharem pela palavra e pela vida a fé, cuja beleza querem ajudar a descobrir, a professar, a viver, a anunciar e a celebrar.
Os missionários vão cruzar os caminhos da Diocese como livro aberto onde as crianças, jovens e famílias por inteiro podem aprofundar a fé e descobrir que pela formação cristã passa a necessária renovação da Igreja.
Estou certo de que as Catequeses assim preparadas, vividas e realizadas oferecem a toda a Diocese na sua intencionalidade, conteúdo e valor um momento fundamental da nossa Missão Jubilar.
Incentivemos todas as pessoas e comunidades da nossa Diocese a participar e a sentir que deste modo se realiza a palavra de Jesus dita na sua terra ao ler na Sinagoga de Nazaré a profecia de Isaías (Is 61, 1-2):
“O Espírito do Senhor me escolheu, me ungiu e me enviou a anunciar a boa nova. «Cumpriu-se hoje a palavra que ouvis».
Todos davam testemunho de Jesus e se admiravam com as suas palavras repletas de graça e de sabedoria” (Luc. 4, 21-22 ).

Aveiro, 4 de Fevereiro, Memória litúrgica de S. João de Brito, de 2013
António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro
 

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