Querida Família de Schoenstatt:
Junto ao túmulo de São Pedro e da praça de São Pedro, eu os saúdo, onde quer que estejam, pelo mundo fora. O Santo Padre convidou-me para participar do Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Por isso, não vos posso acompanhar hoje, junto ao Santuário Original. É um sinal da Providência que hoje possamos unir assim os nossos santuários com a grande catedral da cristandade, aqui em Roma. Nossa missão é a missão da Igreja. A ela, queremos servir com o nosso carisma, para que a Igreja, pela ação do Espírito Santo, receba a graça de uma nova vitalidade. Até agora, este é o maior anseio dos padres do Sínodo. Alguns falam de um novo Pentecostes. Esta deve ser também a nossa preocupação.
A nossa peregrinação rumo ao jubileu e ao Santuário Original leva-nos à fonte original de Schoenstatt. Queremos beber das fontes mais profundas e, assim, renovar o nosso carisma para o tempo em que vivemos. A gratidão pela forma com a qual Deus conduziu, durante os 100 anos, a nossa história sagrada desperta novamente, em todos nós, o espírito dos tempos iniciais. Bebemos desse espírito no Documento de Fundação, na fé do Padre Kentenich e na força do testemunho de vida da geração fundadora. No ano passado, aprofundamos a experiência do Santuário. Cultivamos novamente todas as formas de vida do Santuário na nossa Família, desde a vinculação ao Santuário Original, até a vida no Santuário-coração. Esse aprofundamento conduz-nos, hoje, à missão: Tua Aliança, nossa missão.
Este ano, o envio começa dentro de um contexto eclesial. A Providência tem-nos conduzido de tal forma que, com a Igreja universal, voltamos o olhar para o que é a essência da Igreja. A Igreja tem a missão de evangelizar o mundo. Isso é o que o Senhor recomenda aos discípulos, depois de sua ressurreição. O Santo Padre proclamou o Ano da Fé e recorda-nos o Concílio. Tem falado sobre o espírito do Concílio e sobre a peregrinação pelos desertos de nossa época. Para essa peregrinação, não precisamos de alforje, nem pão, nem duas túnicas; necessitamos, sim, do Evangelho e da fé da Igreja. Depois de 50 anos, ele vê a necessidade de conclamar a todos para uma nova evangelização, para que o espírito do Concílio não morra.
Com o nosso Ano da Corrente Missionária, estamos bem no centro da corrente da Igreja universal. Isto é motivo de uma grande alegria, e, talvez, um desafio. As conferências que o Padre Kentenich realizou há 50 anos, em Roma, sobre o caminho da Igreja rumo ao Concílio, adquirem agora todo seu significado. Isto anima-nos para entender o Ano da Corrente Missionária como uma contribuição concreta para a renovação da Igreja. Tudo o que fazemos neste sentido está motivado pelo amor à Igreja. Queremos ajudar para que, em todas as partes, a Igreja se converta na alma da cultura e da civilização moderna.
Por que acentuamos tanto a corrente missionária? Eu vejo dois pontos. Tudo o que fazemos como schoenstattianos deve ter um caráter missionário. Se dirigimos um grupo ou se promovemos um projeto social; se fazemos Adoração ou visitamos doentes; se preparamos a Jornada Mundial da Juventude ou se cuidamos do serviço em creches; tudo isso fazemos conscientes de que esta é a nossa missão. E o fazemos de todo o coração, começando pela emoção do envio. A outra perspectiva é que, na preparação rumo ao jubileu, temos observado muitas iniciativas missionárias em todas as partes do mundo. Temos observado que essas iniciativas estão sob forte vitalidade. Temos podido constatar, agradecidos, que acima de tudo as comunidades de jovens estão impregnadas do espírito missionário. Essas iniciativas devem e precisam ser divulgadas. Devem unir-se entre si, para que os pequenos regatos se convertam em grande corrente. A corrente missionária trará uma nova força vital a todas as formas de vida que existem em nossa Família. Quero citar pelo nome algumas dessas iniciativas.
A maior força proveniente da Campanha da Mãe Peregrina – é algo que se pode constatar nas conversas particulares no Sínodo. Os “madrugadores” da América Latina e o “Terço dos Homens”, no Brasil, reúnem a cada semana milhares de homens nos Santuários e paróquias para, juntos, rezarem. As missões juvenis e familiares na América Latina estão se desenvolvendo também na Europa. Em muitos lugares, são iniciados projetos sociais e pedagógicos por iniciativa de grupos e comunidades.
Além disso, são muitos os pequenos missionários, os que ninguém cita pelo nome – porém, cada um deles tem um rosto diante de Deus. São aqueles que, por amor, cumprem fielmente seu dever. São aqueles que, em silêncio, entregam o seu Capital de Graças nas talhas dos Santuários. São aqueles que não querem ser nomeados, porque fazem tudo em silêncio com a profunda alegria de o fazer pela Virgem e por Cristo.
O Cristo do futuro será um Cristo missionário – caso se queira conservar a fé, caminhando contra a sociedade. Nosso ambiente nos obriga a isso. Desafia-nos a confessar a nossa fé e a dar testemunho dela. O trabalho missionário no princípio custa muito esforço. É como saltar em água fria. Porém, logo após, o coração se transforma. A insegurança desaparece e surge uma liberdade no coração. Com toda humildade, cresce a autoestima, a confiança em Deus e a segurança de que Cristo e a Mãe de Deus querem aproximar-se de todos os ambientes, pelo meu ser e agir.
Olhamos a raiz de nosso espírito missionário. É nossa Aliança. É o olhar da Virgem. Em seus olhos, somos reconhecidos e amados. E nós respondemos com nossa entrega. É uma Aliança de Amor. A fonte de toda missão é o amor que conquista o coração e a pessoa em si. Esta é a vocação que recebemos no diálogo com Maria, no Santuário. Ela é a grande missionaria, Ela busca aliados para sua missão.
Na noite da abertura do ano da fé, a praça de São Pedro encheu-se de tochas. A Ação Católica convocou uma marcha de tochas. Eu lembrei-me da marcha de tochas da juventude masculina até Roma, poucos anos atrás, quando a Juventude Masculina se uniu mundialmente como geração missionária. Escolheram o fogo como símbolo. Hoje, todos queremos aderir a essa corrente missionária. Cada um pode acender a tocha do seu coração para que o fogo seja o maior possível, para que possa ser visto de muito longe e possa incendiar muitos corações.
Portanto, declaro aberto o Ano da Corrente Missionária.
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