“… não podíamos nós fazer o mesmo?”
Aproximamo-nos dos 100 anos da Aliança de Amor, por isso a
história que antecede este acontecimento, torna-se mais intensa nestas últimas
semanas. Em 1914, depois do início da Primeira Guerra Mundial, veio parar às
mãos do Pe. Kentenich um artigo duma revista católica, que constava na edição
de 18 de julho. Trata-se de um artigo que surpreende o Pe. Kentenich, pois aí
descobre que um famoso Santuário mariano, em Itália, nasceu sem a mediação de
qualquer aparição, sem milagres e sem nenhum outro tipo de intervenções extraordinárias
de Deus. Como surgiu então?
Aparentemente, devido à simples iniciativa de um
homem chamado Bártolo Longo, um leigo casado que se tornou defensor do rosário
e foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 1980. Era um advogado convertido
que decidiu construir uma igreja na cidade de Pompeia, pedindo a Nossa Senhora
que Ela se dignasse a convertê-la num Santuário e a partir daí manifestasse as
suas graças. A fecundidade deste lugar causou profundo impacto no Pe.
Kentenich, que estava a tentar perceber os planos da Divina Providência para a
Congregação Mariana, numa altura em que os alunos mais velhos começavam a ser
recrutados para a guerra. Os jovens devem partir para o campo de batalha e Pe.
Kentenich sente que, se não os prepara de maneira extraordinária, as
dificuldades da vida na frente de combate irão anular todo o trabalho dos anos
anteriores. A guerra é, portanto, um sinal de Deus que o convida a dar um novo
passo em frente, no sentido de acelerar a formação dos seus jovens. Há
que acelerar a entrega a Deus e a Maria. Há que acelerar e intensificar a luta
pela santidade, não só para torná-la “à prova de bala” mas, também, para fazer
oscilar com ela a balança da História, no sentido de um triunfo final do
espírito cristão. Por essa altura, a capelinha abandonada é colocada à
disposição dos jovens para as suas reuniões. Perante esta oferta, o P.
Kentenich volta a perguntar a si mesmo o que lhe quererá Deus dizer. Ele
próprio conta em 1963:
“Logo a seguir ao início da guerra li um artigo – era
bastante pequeno – que contava a história dum convertido chamado Bártolo Longo
em Itália.... Tudo o que vejo e oiço tento conduzir à questão: O que é que Deus
me quer dizer? Como sabem, eu tinha um forte impulso para educar. O segundo
ponto era o grave perigo – a Guerra Mundial tinha começado em agosto de 1914.
Como ia eu educar os rapazes e conduzi-los à autoeducação? Que perigos teriam
eles que enfrentar? Conseguem perceber que, de acordo com a minha maneira de
pensar, disse para mim próprio: não podia eu, porque é que não podíamos nós
fazer o mesmo? Não era, porém, minha intenção que acontecessem milagres de
ordem física, mas que Nossa Senhora Se mostrasse como a grande educadora e
fizesse milagres de educação e de transformação espiritual.” A decisão foi um
salto de fé, a qual, mais tarde, o Pe. Kentenich chamariaa decisão mais difícil
da sua vida.
Ir. M. Paula Silva Leite, CMP
(Publicado no folheto mensal "Dia da Aliança", Julho 2014)
Sem comentários:
Enviar um comentário