"Certa manhã, no estudo, José Engling lia o poema de G. Weber "As treze trilhas", quando, erguendo os olhos, ficou a contemplar a natureza, que despertava com a chegada da primavera. Azáleas e bétulas balouçavam suas pequenas coroas matizadas. Os abetos, até há pouco, vergados de neve, ressoavam de cantos. E a brisa, vinda de longe, das cerejeiras floridas, convidava a um contacto maior com a natureza. Largou o livro e saiu a caminhar. No seu enlevo, pareceu-lhe ouvir a voz da primavera, segredando-lhe:
Hoje é o primeiro de Maio. É por isso que os bosques e os prados andam nessa actividade febril. Cada qual se esmera em preparar para a sua Rainha as mais belas homenagens com perfumes e flores. Não quer você associar-se também a esse preito da natureza?
José voltou para casa, pegou no caderno e escreveu:
Flores de Maio do jardim de meu coração, oferecidas à Rainha de Maio, no seu mês em 1916.
Mãe, a ti seja consagrado o jardinzinho do meu coração. Para ti quero plantar e cultivar.
A rosa do amor e da estima - quero que essa rosa simbolize a ti, Mãe. Assim como a rosa é a rainha das flores, sê tu rainha do meu coração. À tua disposição, minha soberana, ponho tudo o que tenho.
O miosótis da fidelidade ao teu serviço.
A violeta da humildade e da modéstia que cultivarei.
A flor da paixão e do amor ao sacríficio.
O lírio da pureza.
A seguir escreveu esta oração: Raínha de Maio, minha Mãe e Raínha! A ti consagro este mês. Tudo o que me pertence seja propriedade tua, e eu, teu fidelíssimo escravo. Não quero ter outra vontade senão a tua. Ainda que me tenhas reservado as penas do inferno, quero suportá-las pacientemente por teu amor..."
Fami e Paulo
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