Ousadia de um SIM
Quando no final do mês
passado saiu a nomeação do novo Bispo da Diocese do Porto, D. António Francisco
dos Santos - até então Bispo de Aveiro - o povo aveirense nem queria acreditar
nesse anúncio. Muito se falou e fala sobre isso e cada um lá vai aceitando ao
ritmo do seu coração. As características de D. António Francisco mais
destacadas pelos meios de comunicação social foram: “humildade e serenidade”.
Muitos até dizem “é tal e qual o Papa Francisco”. De facto não sendo iguais,
ambos são homens entregues totalmente à vontade de Deus e por isso dóceis aos
seus desejos e às inspirações para a missão. Na sua mensagem à diocese de
Aveiro, D. António Francisco escreveu: “À voz de Deus e ao mandato da Igreja
eu só posso dizer «SIM» por entre desafios, temores e surpresas. Sempre me
senti sereno quando obedeci. Sempre reencontrei a liberdade interior quando,
depois de dúvidas e receios, venci o temor e disse sim a Deus e à Igreja.”
Qualquer “sim” pronunciado é um ponto de viragem no
nosso caminho. Qualquer “sim”, quer seja a grandes acontecimentos ou à mais
pequena tarefa, exige mudança e obriga a sair da zona de conforto. O segredo,
porém, não está na palavra “sim”, mas na atitude de manter a paz e a serenidade
perante essa decisão, independentemente da dor ou da alegria causada.
Vejamos,
o “SIM” daquela humilde jovem de Nazaré mudou o rumo da história do mundo e de
cada um de nós. O Fundador de Schoenstatt, Pe. José Kentenich dizia: “Depois
de a Mãe de Deus ter dito o seu Fiat, conhece somente um único pensamento: a
sua missão, a missão que tem para Cristo e para o seu reino.” Este foi um
“sim” muito arriscado para a sua vida, mas dado na confiança e na entrega à
vontade de Deus. Mas, como diz o Papa Francisco “Maria disse o seu «SIM» a
Deus, um «SIM» que transtornou a sua vida humilde de Nazaré, mas não foi o
único; antes, foi apenas o primeiro de muitos «sins» pronunciados no seu
coração tanto nos seus momentos felizes, como nos dolorosos… muitos «sins» que
culminaram no «sim» ao pé da Cruz.” (13.10.2013)
Maria colocou em primeiro
plano a missão, não o que ela gostaria de ter ou como gostaria que fosse. O seu
“SIM” mudou o mundo, como cada “sim” que nós pronunciamos muda a nossa vida
pessoal e a vida à nossa volta. Cada “sim” é um momento de anunciação na nossa
vida. Assim aconteceu com alguns seminaristas e um jovem sacerdote há 100 anos
quando, reunidos numa pequena capelinha, deram um “sim” ao plano de Deus para
se consagrarem a Nossa Senhora e, através de provas do seu amor, atraí-la para
que Ela aí estabelecesse o seu trono de graças, atuando como Mãe e Educadora. O
“sim” dos jovens e do Pe. Kentenich, mas também o “sim” de Maria a esta missão,
foi a hora da “anunciação de Schoenstatt”.
A poucos dias de celebrarmos
a Festa da Anunciação do Senhor e em tempo de Quaresma, tempo propício à mudança
de vida, aprendamos com Maria e daqueles que transparecem a paz e serenidade, a
dizer “sim” com um coração dócil aos desejos de Deus para nós e para
aqueles que fazem parte da nossa vida.
Ir. M. Paula Silva Leite, CMP
(Publicado no folheto mensal "Dia da Aliança", Março 2014)
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