Apesar de o
Natal já ter passado, não posso deixar de vos contar algo muito bonito, e pode-se
até dizer, algo “comovente “. A nossa
preparação para o Natal foi com uma novena diferente, que este ano foi feita de
uma maneira muito original, pois tenho uma equipa de Pastoral maravilhosa, que
ajuda a pensar nos projetos, mas que também coloca mãos à obra , para que estes
se concretizem. A Equipa lançou o desafio de sairmos do recinto do Santuário e
ir ao encontro das famílias, para dar a conhecer o Santuário e levar a nossa
Mãe.
Então, numa
noite, pusemo-nos a caminho da nossa paróquia e fomos “ bater “ a várias
portas, explicando o que pretendíamos e se estariam dispostos a receber Jesus e
a sua Mãe. Conseguem
imaginar, a reação das pessoas?
Em todo o
caso, para nós foi uma lição de vida que nos fez pensar muito no que ouvimos , além de certas
atitudes que as pessoas tomavam. Foram tema de várias reflexões que fizemos
mais tarde como grupo.
Nunca nos
passou totalmente pela ideia, que nos tempos que correm pudéssemos ouvir tais
respostas, exatamente iguais, como Maria e José ouviram na noite de Natal. “
Não tenho tempo!” “ Tenho outras coisas mais importantes para fazer! “ “O meu
marido não quer!” “Tenho que fazer o meu passeio diário e não vou mudar a hora
por causa disso.“ E assim, por adiante!
Nessa noite
chovia muito e estava a começar um temporal. Já estávamos todos molhados e com
todas estas respostas que íamos ouvindo chegamos ao fim das nove famílias só
com uma resposta positiva.
Pensei nas
pessoas que me acompanhavam e ao conversarmos senti uma grande alegria ao
perceber que eles não queriam desistir, hoje não conseguimos, amanhã será outro
dia - diziam eles e acrescentaram: a Mãe há-de escolher as suas famílias.
E eles
tinham toda a razão. Aquelas pessoas não a queriam, mas Ela deu-nos outras, que
a receberam de “ braços abertos “ e até com lágrimas. Ao longo da nossa “ busca
“ fomos descobrir pessoas idosas que viviam completamente sozinhas, outras que
tinham alguém doente em casa e precisavam de conforto. Assim, no quarto dia de
caminhada tínhamos as nossas nove famílias completas. Estávamos felizes e no
Santuário agradecemos à Mãe pelo belo presente. Agora, era altura de terminar a
preparação dos textos da novena.
O principal
objetivo era levar a Mãe e o Santuário, e ao mesmo tempo, convidar as pessoas a
participar nos outros dias da novena e traze- las, pelo menos, no último dia ao Santuário. É lógico que com
este cenário de pessoas, que nem sequer tinham condições de sair, íamos convidando familiares que
porventura encontrávamos.
Podem crer
que , para mim e para a equipa, foi o melhor Natal que podemos vivenciar
até hoje nas nossas vidas. Partíamos todos os dias do Santuário, às 21h,
onde rezamos uma pequena oração pedindo a proteção da Mãe para a nossa caminhada e levarmos as suas bênçãos para a família que
íamos visitar. Valeu a pena todos os sacrifícios, pois a novena era
feita a pé e a Mãe não nos poupou.
Logo no primeiro dia da novena, tínhamos um temporal de muita chuva e muito
vento, que nada se segurava nas nossas mãos, os nossos guardas chuvas partiram-se
todos, só restava caminhar à chuva, mas mesmo assim partimos do Santuário cerca
de 20 pessoas e neste dia o percurso era a mais longe. Todos cantavam, riam, enfim….. Percebia-se a
alegria de fazer algo pelos outros, nunca se ouviu um “ai de desânimo”, nem
pensar em voltar para trás, apesar do temporal ser cada vez maior. Sabem? A
pessoa idosa que íamos visitar estava preocupada à nossa espera, pois pensava
que assim nós não íamos e ela já estava a ficar triste. Não podem imaginar a
alegria dela quando chegamos.
E foi este o
grupo, que se manteve todos os dias, chegando ao número de 24 pessoas. Todos os
dias choveu e não era uma chuvinha qualquer, não, até os ossos ficavam molhados
e congelados pois era muito frio, um e dois graus.
Em cada casa
que visitávamos, rezávamos com a pessoa, conversávamos com ela e no final
entregávamos uma estrela para essa pessoa poder escrever o nome dela e a dos seus familiares e, no último dia da novena
seria estas seriam entregues à Mãe no Santuário e assim, eram lembrados todos os membros dessa família. Entregava-se
também uma ROSA BRANCA que simboliza a nossa Mãe e na folha estava deitado o
Menino Jesus. Como quase todas as
pessoas nem sequer de casa podiam sair, nem sequer escrever, alguém da equipa
se responsabilizou de passar lá e trazer a estrela.
E porquê o
símbolo da estrela?
Cada um de
nós queria ser a Estrela da Esperança neste Natal. Apesar das circunstâncias
que nos encontramos, Jesus quer nascer novamente em cada coração e tornar o
homem feliz com a Sua Presença e mesmo que algumas portas se fechem, ELE NÃO SE
CANSA DE PROCURAR CORAÇÕES QUE O RECEBAM.
Vimos muita
“miséria humana “, mas grandes corações que amam Jesus e a nossa Senhora. Enquanto, da noite, andávamos à chuva,
estrelas iam acendiam-se e tornavam a sua Luz
num grande clarão de esperança e amor que só Jesus pode dar.
Assim,
chegamos ao nono dia da novena. Esta começaria de uma forma especial, pois às
14h saí do santuário com 15 Jovens, na qual durante toda a tarde fomos visitar
pessoas idosas e doentes, que moravam mais longe, totalmente noutra extremidade
da Paróquia. Assim andamos toda a tarde, terminando a atividade num lar. Pelas
19h jantamos, pois teríamos um percurso para andar durante uma hora até chegar
ao santuário. Lá nos esperavam as outras pessoas, que connosco fariam a visita
à última família da nossa novena. Para este fim, seria um idoso que mora em
frente à nossa casa. Estava à nossa esperava com muita alegria e emoção. Foi
uma noite, que muita gente nunca mais esquecerá. Cantamos a procura de albergue
a começar nessa família, depois todos juntos fomos para o recinto do santuário,
onde fizemos as outras portas- A Juventude era responsável por esta noite. Era
um silêncio celestial e todos participavam com muita atenção. O final da oração
foi no santuário. E para grande surpresa o santuário estava completamente
cheio, eramos perto de 45 pessoas e verifiquei com muita alegria, que alguns
familiares das pessoas que visitamos estavam presentes.
Num momento
de silêncio, entregamos à Mãe estes dias abençoados e cada pessoa que estava
presente ganhou uma velinha acesa,
com uma estrela e a Mãe no centro. A Novena estava a chegar ao fim, mas
as coisas não podiam ficar paradas, só porque simplesmente acabaram os dias da
novena. A Luz devia continuar a brilhar em mais corações e nós queríamos
continuar a ser portadores dessa luz que nunca se deve apagar, pois Jesus é a
nossa Luz.
Partilho com
vocês alguns testemunhos, da equipa:
-“ Como
grupo da Pastoral do Santuário do Porto, vivemos e experimentamos mais de perto
o que é partilhar a alegria e a tristeza, as dificuldades de tantas pessoas,
que nós nem nos damos conta disso. É preciso viver uma situação como esta para
nós próprios sabermos dar mais atenção ao que se passa à nossa volta. Valeu a
pena ! Estas experiências não se
esquecem nunca mais. “
- “
Simplesmente a minha vida mudou, não é mais a mesma! “
- “ A minha
maior alegria, era ver as outras pessoas felizes, apesar de ser tão pouco tempo
que estávamos ali com elas. Valeu a pena o sacrifício! “
- “ Provocar
sorrisos,
Respeitar
diferenças.
Partilhar
histórias,
Unicamente
estar …
Nesta Novena
de Natal,
Repartimos
algo que é nosso,
Com os
outros, com alegria,
Também Ela a
nossa força
Neste
caminho de serviço. “
“ Pela primeira vez tive a graça de participar
nesta bela experiência que foi a ‘ Novena de Natal ‘ . Ajudou- me a aprofundar
a minha atitude pessoal perante o Natal e a preparar com alegria, no meu
coração e na minha Família, a vinda do Menino Jesus.
Sinto que
foi uma experiência muito rica e cheia de bênçãos, não só para os que
participaram na novena, cujos laços de amizade e união ficaram mais fortes, bem
como para a Famílias que acolheram o Menino Jesus em suas casas.
A cada dia
da novena, foi crescendo em mim a Graça da transformação- a vontade de estar
presente foi ficando mais forte; a Graça do acolhimento – a cada dia sentia o amor
de Jesus e de Maria a crescer dentro de mim; e finalmente a Graça do envio- de
poder levar a nossa Mãe e Rainha e o seu querido Filho Jesus à casa das Famílias
que disseram o seu sim. Obrigado meu Deus."
Como a Mãe
nos presenteia com tantas coisas bonitas ,
nós é que por vezes nem sabemos
dar conta delas, uma ideia tão simples e que provocou “milhares “ de luzes de esperança em corações
que tanto precisam dela.
A Pastoral
do Santuário Rainha da Família, diocese do Porto, deseja a toda a Família de
Schoenstatt muitas graças de Aliança.
Pela equipa,
Ir. Lúcia Lopes
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