Gérard Testard é natural
de França. É presidente fundacional da comunidade de leigos
“Fondacio – Cristãos para o mundo“, que em 2008 se tornou de direito pontifício. Em Schoenstatt, tivemos a alegria de o ouvir durante a parte da manhã no dia da Coroação da Rainha da Nova Evangelização. Colocamos um pequeno resumo sobre aquilo que nos transmitiu:
"Perante a indiferença religiosa em muitos países, onde a Igreja é cada vez menos visível, como oferecer uma presença
cristã no seio dos desafios do mundo?
A primeira atitude da Igreja, na sua missão pastoral, não é a de dar ao
mundo o que ele não tem, mas a de ir ao encontro do mundo para aí reconhecer os
sinais de Deus. Na verdade, somos sempre precedidos pelo amor de Deus derramado
nos corações (cf. Rom 5,5). Isto implica que as nossas comunidades cristãs primeiro
se deixem evangelizar a si próprias para serem capazes de reconhecer a presença
de Cristo num mundo em mudança. Só então estarão preparadas para a
evangelização.
Gostaria de apresentar alguns pontos de reflexão que me guiaram para o
anúncio do Evangelho na minha comunidade.
Pela limitação do tempo, poderei nomeá-los apenas
brevemente. Mas poderão aprofundá-los mais tarde.
1.
“Missão“ é “presença de Cristo“ no mundo
· pelo testemunho,
individual e como comunidades, com a seguinte pergunta: propomos um estilo de
vida, um modo de vida que convide a dirigir o olhar das pessoas para Cristo, a
viver n’Ele, por Ele e com Ele?
· pelo
anúncio orientado pedagogicamente
e adaptado aos diferentes públicos, de modo que a mensagem da Salvação atinja
os homens e mulheres nos seus questionamentos de hoje.
· pelas
celebrações litúrgicas, em
primeiro lugar a Eucaristia, mas sem se limitar somente a ela. Há outras formas
litúrgicas que podem tocar as pessoas mais facilmente como p. ex. celebrações
ecuménicas, vigílias de adoração...
· pelo
serviço aos pobres: Se servirmos
os pobres, a nossa palavra é credível. Numa comunidade de fé, de amor e de
partilha, a Igreja se torna visível e experimentável.
· pelo
diálogo das culturas e das religiões: Em metade dos países onde Fondacio está presente, os cristãos são uma
pequena minoria. Procuramos viver em amizade com todos através do diálogo, da
partilha e do testemunho.
2. Dar grande importância à
pré-evangelização
Gosto muito do conceito
de “pré-evangelização” como o Papa Paulo VI o abordou. Ele convida-nos a “tomarmos
consciência” das “necessidades mais profundas” da pessoa, ainda antes do anúncio
do Evangelho. Depois de clarificar as suas necessidades, a pessoa está aberta
para a resposta que Cristo tem para lhe dar. Partindo do mistério do homem
abrem-se as portas de acesso ao mistério de Cristo.
3. Ficar à “janela do mundo” e acreditar que o Espírito
trabalha no mundo
Os cristãos não se encontram à margem da humanidade, mas passam pelos
mesmos problemas como todos os outros. Por isso, os leigos têm um papel crucial
na transmissão da mensagem do Evangelho porque são desafiados pelas grandes
questões e crises da sociedade, como p. ex. o acolhimento dos estrangeiros, o
princípio e o final da vida humana, a pobreza, a família…
Num mundo em mudança há também uma
mutação da figura da Igreja. Há
uma fase necessária de “morte” a que seguirá uma fase de “ressurreição”:
anunciar sem temor, sem estratégia e acolher tudo o que Deus vai mostrando, em
gérmen, como formas renovadas.
4. Dar crédito à Palavra de Deus e “permitir que ela
atue“
Aqui a leitura da Bíblia
adquire uma importância fundamental.
5. Dar testemunho da Palavra através de
comunidades eclesiais vivas e comprometidas
O Cristianismo individual, sem vínculo fraterno nem leitura partilhada das
Escrituras não é profético. São necessários pequenos grupos e comunidades que
vivam a partir da fé em Cristo ressuscitado.
Reconhecê-l’O nos acontecimentos
concretos da vida. Frequentemente isto só é possível num olhar retrospetivo.
7. Em
todo o momento, viver a “communio” (a comunhão com a Igreja)
Agir em conjunto torna a
Palavra de Deus credível e percetível.
8. Ligar o rigor da razão à graça de Deus
É necessário penetrar intelectualmente as verdades da fé. Mas é igualmente
necessário viver e testemunhar a fé como dom da graça de Deus.
9. Caminhar para a pertença à Igreja
Evangelizar é
sempre um caminho em etapas. Também em relação à pertença à Igreja há um
caminho a percorrer. Quem está no início da sua adesão a Cristo tem o direito
de dar passos pequenos.
10. A oração e a compaixão
No seguimento de Jesus
Cristo, evangelizar significa em primeiro lugar viver a caridade, transmitindo
o amor que vem de Deus. Os contemporâneos de Jesus reconheceram os seus discípulos
nos sinais do amor e da compaixão.
Para quem quer
evangelizar, a oração não é opcional. Cristo só pode falar em quem está em diálogo
com Ele.
Tradução: Ir. Maria Nádia
Hierholzer
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